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sábado, fevereiro 05, 2011

NA TERRA DO FARAO MUBARAK

  Egito: “Eles estão dispostos a morrer na Praça Tahir”
A jornalista e comentarista política Randa Achmawi é uma das mais respeitadas especialistas brasileiras em Oriente Médio. De origem egípcia, ela vive entre Cairo e Londres e é correspondente da edição francesa do principal diário do Egito, o Al-Ahram, para política externa e diplomacia.
Randa falou com exclusividade ao blog, por telefone.
Como você vê os acontecimentos dos últimos dias no Egito?
O regime usou das táticas mais desprezíveis nos últimos dias. A intenção do presidente Hosni Mubarake, em seu discurso, foi justamente dividir a nação e ele conseguiu. A TV estatal contribuiu muito com o caos, deformando totalmente as informações, brincando com a cabeça das pessoas, usando artifícios como espalhar rumores. Primeiro, espalharam que havia gente do Hamas (grupo que controla a Faixa de Gaza) e do Irã na revolução. Os jovens que protestavam na Praça Tahir reagiram, mostraram que não, que se trata se um movimento que partiu de um movimento de jovens laicos, ocidentalizados, que se organizaram pelo Facebook. Então, começaram a espalhar rumores de que esses meninos – e eu conheço muitos deles – eram treinados por Israel. Começaram a fomentar até mesmo a xenofobia, a cólera, a raiva contra os estrangeiros.
Quem é o grupo que saiu em defesa de Mubarak?
Aqueles que entraram a cavalo e em camelos eram majoritariamente homens pobres, mercenários pagos por membros do regime para atacar os manifestantes. Alguns dos capturados tinham identidade policial, outros eram ex-presidiários…
Você acredita que o presidente Mubarak foi responsável por isso?
O Primeiro-Ministro egípcio negou a participação do governo nesses episódios. Disse que havia acontecido sem que ele soubesse e pediu desculpas à nação. Mas não sabemos. Nesse momento, não é possível saber exatamente quem está falando a verdade. O fato é que o presidente Mubarak está tentando ganhar tempo. Ele não irá candidatar-se, isso não. Já veio a publico, já declarou que ele não participará das próximas eleições nem o seu filho, Gamal Mubarak. E não acho que não irão participar mesmo.
Qual é a tática, então, do presidente Mubarak na sua opinião?
Mubarak tenta ganhar tempo para fazer uma transição que ele possa manipular de certa forma. Ele não pretende deixar que um inimigo político seja levado ao governo para substituí-lo.
Quem deve substituir Mubarak?
O que estamos presenciando é o vice-presidente (Omar Suleiman, nomeado por Mubarak no dia 29) assumir o governo de fato até as eleições. O problema é que não ficou claro que ele esteja realmente conversando com a oposição, como declarou. Nenhum dos partidos de oposição confirmou estar falando com ele. Suleiman diz que quer dialogar com a Irmandade Muçulmana, mas eles já declararam que só irão falar com o governo se Mubarak sair.
Qual seria o melhor cenário futuro?
O mais saudável seria dissolver o Parlamento e fazer emergir um governo interino com igual número de membros da oposição e do governo para que seja feita uma transição equilibrada, pacífica e ordenada. Se a transição for feita só pela equipe do presidente Mubarak, obviamente, será uma transição para um governo pró-Mubarak. Se houver um governo interino com a oposição, a população egípcia começará acreditar em uma transição realmente independente. Mas, para isso, Mubarak terá de renunciar. E ele é um homem muito teimoso.
O que querem exatamente os jovens na Praça Tahir?
Os jovens que permaneceram na Praça Tahir todo esse tempo estavam lá porque realmente acreditam que essa é a revolução deles, da sua geração, e não têm medo. Estão dispostos a morrer na Praça Tahir. Eles têm medo de serem caçados pelo regime nas suas casas, se saírem dali, e que tudo volte a ser como antes.
Os militares, afinal, estão do lado de quem?
Pela primeira vez os militares estão realmente do lado da Nação. A instituição está tentando ficar neutra, porque se perderem a credibilidade aí, sim, o caos vai prevalecer. Por isso, estão mantendo a distância com relação à política e isso é muito positivo.
Mohamed ElBaradei é um candidato forte para assumir o lugar do Mubarak?
Elbaradei é um homem muito integro. Ele já provou ter compromisso profundo com os seus próprios valores. Provou isso nas discussões sobre o a guerra do Iraque, quando presidia a Agência de Energia Atômica e sofreu fortes pressões para atestar armas de destruição em massa no país e, assim, dar o aval a invasão pelos Estados Unidos. Mas ElBaradei resistiu. Ele não deu o aval e os EUA tiveram de seguir sozinhos, sem o aval da ONU. Isso prova que ele é uma pessoa íntegra. O problema é que ele não é muito conhecido no Egito. É um tecnocrata e não é um político. Tenho medo que acabem com ele politicamente nas eleições.
Morando há tantos anos no Egito, como você assistiu a todos os acontecimentos das últimas semanas?
Eu esperei muitos anos por isso. Os egípcios são um povo muito nobre, que merece recuperar a própria história, a própria dignidade, a própria grandeza. Eu tinha a impressão de que eles (o regime) tinham conseguido acabar com essa grandeza. Agora vejo que ainda está lá. E isso é muito bonito de ver. Você não imagina o quanto eu já chorei.

Mubarak deve ficar para conduzir transição, dizem EUA

Representante de Obama em cúpula de segurança afirma que presidente egípcio deve 'liderar mudanças'

05 de fevereiro de 2011 | 16h 24 - Reuters
MUNIQUE - O presidente egípcio Hosni Mubarak deve ficar no poder por enquanto para conduzir as mudanças necessárias a uma transição política, disse neste sábado o enviado especial do presidente norte-americano Barack Obama a um encontro sobre segurança em Munique, na Alemanha.
"Necessitamos chegar a um consenso nacional em torno das condições prévias para dar um próximo passo à frente. O presidente deve permanecer em seu cargo para liderar essas mudanças", disse Frank Wisner.
O representante norte-americano demonstrou otimismo certo otimismo sobre a situação. "Há possibilidade de avançar. É frágil, mas as coisas poderiam piorar. A direção é promissora."

Filho de Mubarak e cúpula do partido governante egípcio renunciam

Novo presidente do comitê político é conhecido por manter boas relações com a oposição

05 de fevereiro de 2011 | 13h 59 - AP e Reuters

CAIRO - A liderança do Partido Nacional Democrático, legenda governista do Egito, renunciou neste sábado, informou a TV estatal egípcia. Entre os dirigentes que caíram estão Gamal Mubarak, filho do presidente Hosni Mubarak, e Safwat el-Sharif, secretário-geral do partido.
A rede de TV Al-Arabiya anunciou também que Hosni Mubarak deixou o comando do partido, mas a informação ainda não foi confirmada.
Conhecido por manter boas relações com a oposição, Hossam Badrawi assumirá o posto de El-Sharif. De acordo com a TV estatal, houve seis mudanças na alta cúpula.
Explosão atinge gasoduto no Sinai; Egito fala em sabotagem
1 hora, 3 minutos atrás

CAIRO - Um gasoduto da cidade de Arish, na península do Sinai, no Egito, explodiu neste sábado, num incidente que não deixou vítimas e foi classificado pela TV estatal como sabotagem.
Em comunicado, a companhia de gás responsável pelo duto disse que a explosão foi causada por um pequeno vazamento. O governo regional, no entanto, não descartou a possibilidade de sabotagem.
O fornecimento de gás para Israel e Jordânia, os dois países conectados pelo duto, foi cortado, segundo agências de notícias. Com isso, foi possível contar o incêndio, que gerou uma fumaça que podia ser vista da Faixa de Gaza, a 70 quilômetros do local.
Fontes da inteligência egípcia, citadas pelas agências internacionais, falam em ação terrorista. Nos últimos dias, radicais islâmicos teriam pedido aos simpatizantes ações do tipo contra Israel, se aproveitando da situação de instabilidade no Egito.
O Egito não é um grande exportador de gás, mas o leva a Israel e Jordânia por gasodutos como o que explodiu neste sábado. Israel importa 40% do gás natural que consome do Egito, e a Jordânia, 80%.
A explosão acontece no momento em que, pelo 12º dia consecutivo, manifestantes se reúnem no centro do Cairo em protesto contra o ditador Hosni Mubarak.

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