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A MINHA TERRA (POESIA)
QUE TERNO SONHO DOURADO
DAS MINHAS HORAS FAGUEIRAS,
NO RECANTO DAS PALMEIRAS
DO MEU QUERIDO BRASIL!
A VIDA ERA UM DIA LINDO
NUM VERGEL CHEIO DE FLORES,
CHEIO DE AROMA E ESPLENDORES
SOB UM CÉU PRIMAVERIL.
A INFÂNCIA, UM LAGO TRANQUILO
ONDE COMEÇA A EXISTÊNCIA,
ONDE OS CISNES DA INOCÊNCIA
BEBEM O NÉCTAR DO AMOR.
A MOCIDADE ERA UM HINO
DE MELODIAS SUAVES,
FORMADAS DE TRINOS DE AVES
E DE PERFUMES DE FLOR.
O DIA, MANHÃ RIDENTE,
NUMA CANÇÃO DE ALVORADA;
A NOITE TODA ESTRELADA ´
APÓS O DOCE ARREBOL;
E NA PAISAGEM QUERIDA,
OS RAMOS DAS LARANJEIRAS
E DAS FRONDOSAS MANGUEIRAS
DOURADAS À LUZ DO SOL!
OH! QUE CLARÃO DENTRO DALMA,
CONSTANTEMENTE CISMANDO,
O PENSAMENTO SONHADO
E O CORAÇÃO A CANTAR,
NA DELICADA HARMONIA
QUE NASCIA DA BELEZA,
DO VERDE DA NATUREZA,
DO VERDE DO MAR!
OH! QUE POEMA A EXISTÊNCIA
DE INFÂNCIA E DE MOCIDADE,
DE TERNURA E DE SAUDADE,
DE TRISTEZA E DE PRAZER;
IGUAL A UM CANTO SUBLIME,
COMO UMA ESTROFE INSPIRADA
NA NOITE E NA NADRUGADA,
NA TARDE E NO AMANHECER.
DE TUDO ME LEMBRO E QUANTO!
ATRANSPARÊNCIA DOS LAGOS,
AS CARÍCIAS, OS AFAGOS
E OS BEIJOS DE MINHA MÃE!
DOS TRINOS DOS PINTASSILGOS,
DA MELODIA DAS FONTES,
AS NUVENS NOS HORIZONTES
PERDIDOS NO AZUL DO ALÉM.
QUANDO EU CRUZAVA AS CAMPINAS,
SEM SOMBRAS DE SOFRIMENTO,
DESCALÇO, COM O PEITO AO VENTO,
NUM TEMPO DOCE E FELIZ!
OS PESSEGUEIROS FLORIDOS,
AS FRONDES CHEIAS DE AMORA,
O MANTO DE LUZ DA AURORA,
OS PIOS DAS JURITIS!
SE A MORTE ANIGUILA O CORPO,
NÃO ANIGUILA A LEMBRANÇA:
JAMAIS SE EXTINGUE A ESPERANÇA,
NUNCA SE EXTINGUI O SONHAR!
E À MINHA TERRA QUERIDA,
RECORTADA DE PALMEIRAS,
ESPERO EM HORA FAGUEIRAS
UM DIA PODE VOLTAR.
Autor; CASIMIRO DE ABREU
Fluminense, desencarnou aos 18 de outubro de 1860 aos 21 anos de idade. Figura literária das típicas do seu tempo, o autor malogrado de Primaveras ainda aqui se afirma no seu profundo quão suave nativismo lírico. Suas composições possuem "um saboroso estilo colorido, sensivel e personalíssimo"!
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