Vida
penosa, a dos primeiros anos. Nos termos de informe dos Jesuítas, referiu-se
Capistrano de Abreu a dificuldades com que lutaram todos, superiores e
subordinados. “Anda-se mais por água, e poucas são as canoas Faltam o açougue, a ribeira, a horta e as tendas do
comercio habitual”. Aos quais eram acostumados em sua terra. Arthur
Porto volta a esclarecer: “Para se ter pão, é preciso fazer a roça; para se
comer carne, ha de se ter caçadores; e pescador para se comer peixe; lavadeiras
para se usar a roupa limpa; canoas e remadores, para se ir a qualquer lugar.”
Com
reduzida população de 80 habitantes, a desproporção de quatro conventos. Não
basta para satisfazer os empenhos da devoção forcada, o que essa gente ganha
durante o ano.
Quando
o padre Antonio Vieira apareceu em Belém – diz João Lúcio de Azevedo – a cidade
ainda era mesquinha e atrasada. Apenas repartida em dois bairros: o da cidade e
o da Campina, com duas largas ruas, a da Industria e a de Santo Antonio. Da
vasta praça da Matriz partiam as
ruas. Ao cabo delas ficavam os conventos das Mercês e dos Capuchinhos, e a Casa
da Misericórdia. Fora da cidade ficavam as aldeias dos ameríndios “chamados `a
civilização,” e no seio das quais
se encontravam os flecheiros e os braços para a agricultura. A vida da cidade
entrou em ritmo normal só depois da expulsão dos entrelopos - Relativo a contrabando. Ação desses entrelopos era apoiada por Francisco I, rei da França, que se recusava a aceitar
as determinações do Tratado de Tordesilhas. - e da submissão dos
silvícolas.
Esses habitantes primitivos, os verdadeiros donos da terra sob a tutela
da conquista, eram os Tupinambás, os mesmos que pervagavam as províncias do sul.
Nações estas, no conceito de Andre Pereira, de “bugres mui bem encarados, sem barba e usando cabelos compridos como de
mulheres”. Nações outras belicosas que colocaram em alvoroço a base de
operações das tropas de Castelo Branco.
Irrecusavelmente,
enquanto Arthur Porto, por exemplo, procurou argumentos para justificar a boa
índole dos íncolas paraenses, a verdade é que, pouco depois dos trabalhos de
assentamento da cidade, fizeram eles, os Tupinambás e os Pacajás, ataques
impetuosos, pondo em perigo a obra “civilizadora”.
Dominado
o gentio pela força com muitas mortes diga-se, e expulso os chamados “intrusos” – isto tudo no prazo de dez
anos – executaram os governantes do Grão- Pará, predecessores de Francisco Caldeira Castelo Branco –
de Baltazar Rodrigues de Melo, que o depôs, a Feliciano Coelho de Carvalho –
três objetivos fundamentais de ocupação: a) o devassamento da hinterlândia,
quer pelo Tocantins, Xingu e Tapajós, quer pelo Rio Amazonas e seus afluentes;
b) chamado o bárbaro `a civilização pela catequese; c) povoamento, enfim, pelos
processos disponíveis.
Hercúleo
o trabalho do devassamento. As entradas – expedições – tornaram-se memoráveis
aos interesses do invasor, como a de Pedro Teixeira ou a de Pedro da Costa
Favela. Aquele o cabo de guerra singular, que cobriu, a pé, o longo percurso
entre Belém do Pará e o Maranhão, com depois subiu o Rio Amazonas até `as
fronteiras com o Peru. Notabilizou-se o segundo como autentico predador, na casada aos homens
bronzeados, sem quaisquer piedade, fazendo milhares de órfãos inocentes,
deixando mães `a sorte dos seus homens para abusarem delas e muita serem
mortas. Ate hoje nunca ouve um pedido de desculpas por parte de Portugal ou
Espanha pelas chacinas que cometeram no continente brasileiro, e nos dias
atuais por um banal revolução de idéias de comunistas e não comunistas no
Brasil a de 64 todos os envolvidos
cobraram pensão
porque não feita as suas satisfações de transformarem o Brasil em um
pais comunistas e os quais hoje
implantam a corrupção
descarada e nada acontece.
Duas
mentalidades inconciliáveis. Pedro Teixeira, o fundador de Franciscana. Pedro
Favela, o arrasador de selvagens do Rio Urubu.
O
trabalho das missões Religiosas vai ser fixado em outro capitulo. Com o
crucifixo nas mãos e as orações nos lábios, falando em termos suasórios, os
sacerdotes das Missões empreenderam a consolidação da conquista, ensinando que
o chamado `a civilização tinha que ser obtido pela graça divina.
Esse
o sentido mais elevado da catequese. Por meio dela concordou de certa forma o ameríndio com o trabalho dos primeiros anos, a
cata das drogas do sertão – que sertão? Se tudo era selva? – e o preparo – eram
obrigados a fazerem o roçado, ou não recebiam alimentos – da terra. Vinculado `as Missões – inicio
dos povoados, das vilas e das cidades – decifrou o enígma das selvas e das
águas. Caçou os animais e extraiu os produtos. Pescou e revelou ao mundo
“civilizado”, a riqueza ictiológica da imensa mesopotâmia.
Foi
da catequese – do entendimento lançado entre o aborígene e o branco – que se processou a
assimilação de certo modo de vida do homem planiciário, desde o uso da rede ao
folclore virginal.
O
colono europeu – dilucida Estevão Pinto – aprendeu a lavoura e o preparo dos
alimentos que ainda hoje são ingeridos. Saboreou as frutas, as castanhas, as
farinhas, as papas, os mingaus, os beijus, as paçocas, o moqueado, a mixira e a
moqueca. Deu aplicação `as resinas, `as gomas. Ao urucú, aos óleos,`as favas, ao algodão, `a
piaçava aos materiais de construção. Aprendeu a fazer mezinha. Utilizou também
os balaios, os aturás, as gamelas, as cuias, as esteiras, as peneiras, o pilão,
os potes e as quartilhas. Fabricou os apetrechos de caça e de pesca. Deu curso
`as lendas, superstições, folguedos e danças populares.
Nada
obstante as providências levadas a efeito, no interesse da comunidade em
crescimento, atuação de Francisco Caldeira Castelo Branco entrou em declínio.
Faltou-lhe
a calma necessária para sobrepor-se `as injustiças do meio que se apresentava
hostil, tudo no inicio era difícil, e não poderia ser diferente, indivíduos
totalmente despreparados e sem conhecimento daquele cenário que se apresentava,
água, selva e nativos aos quais tratavam como animais, indivíduos de milenares
liberdade, somente lutavam com seus inimigos da mesma espécie, se viam agora
com essas criaturas, que tinham surgido do mar e os humilhavam transformando
–os em escravos da lavoura que nunca tinham convivido. Por outro lado se
detinha com as reclamações dos seus companheiros de aventuras que não
conseguiam se adaptar ao meio, para eles tenebroso e traiçoeiro, poucos dormiam
com medo muito ficaram loucos por conviverem com as imagens das matanças as
quais praticavam em busca do El Dourado que nunca foi encontrado. Por isso que
devemos nos debruçar sobre o tema das Amazonas, historia inventada por déspotas
para não serem punidos pelo derramamento de sangue que praticaram ao longo das
margens do Solimões e Amazonas, sim, verdadeiros bandidos, assaltantes que as
centenas de homens nativos mataram
e acorrentaram para serem castigados muitos ate a morte ou serem levados para
as suas distantes terras como testemunho do investimento para os ignorantes
reis – pois muitos nem ler sabiam – da
época. Assim quase sem
homens nas tribos as mulheres tinham que se defender dos implacáveis tiranos
que não paravam de subir os altos rios esfomeados por drogas e ouro de
complemento de sexo, e vendo aquelas mulheres completamente nuas não tinham
como deixa de investir sobre elas. Assim transformara-se graças as desculpas
mentirosas de Orellana e outros
mais que as apelidaram de Amazonas, criou-se inconscientemente a homenagem as viúvas heroínas
solitárias do país verde. As Amazonas, o Amazonas, a Amazônia.
Em
1618, com o assassinato, a punhaladas, do capitão Álvaro Neto – um de seus
bravos colaboradores – a opinião da cidade se dividiu. De um lado formaram os
que exigiam a punição do culpado. Do outro se manifestaram os que compactuavam
com o criminoso, Antonio Cabral, sobrinho do capitão-mór.
A
proteção injustificável – benignidade para com o homicida e prisão para os
inflexíveis, entre os quais os capitães Paulo da Rocha e Tadeu Passos – gerou a
revolta, e indicou a solução adequada. Quando deflagrou o movimento, sob o
comando de Baltazar Rodrigues de Melo, contando com setenta homens, Francisco
Caldeira Castelo Branco enfrentou os opositores e tentou puni-los. Foi então
deposto e colocado a ferro a 14 de setembro de 1618.
Enviado
a Lisboa, em maio do ano seguinte, ali faleceu....
Fim
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