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sexta-feira, julho 27, 2012

Fundação de Belém –parte 1 -


Com a vitória dos portugueses em Guaxenduba, na costa do Maranhão, em 1615, surgiu a ordem de investir contra os invasores do extremo norte. Vale dizer,  contra os ingleses de Cumaú, irlandeses de Torrego. Na ilha de Tocujús, holandeses de Maturú, Mariocaí e Mandiatuba, e franceses espalhados pelo estuário. Delicadíssima a tarefa da expulsão, já pela falta de contigentes humanos, já pela astucia dos corsários, bastante hábeis em adquirir a confiança dos nativos da região.
Rápido se deu, na opinião de autorizado historiador, o preparo da expedição: três dias somente. Coube o comando a Francisco Caldeira Castelo Branco, intitulado de antemão o “Descobridor e primeiro conquistador do Amazonas”. A tropa, constante de duzentos homens, foi repartida por um caravelão (O caravelão não tinha mais de 40 ou 50 toneis, segundo o Livro Náutico (cód. 2257 da Biblioteca Nacional, Lisboa), onde aparece a menção de "Hum caravelão pª recados". Devia ser em tudo semelhante à caravela, arvorando dois mastros, geralmente, e neste caso particular, a fonte citada indica que iria artilhado com dois falcões e quatro berços (ambas peças de artilharia de pequeno calibre), com uma tripulação de 25 pessoas. Cumpria as tarefas auxiliares nas armadas de: aguadas, abastecimentos, explorações e navio-correio ) grande  (Santa Maria da Graça),   um patacho - Patacho: Navio de dois mastros, armados o da proa a redonda e o da ré a latina (A vela latina é uma vela do tipo triangular que surgiu por volta de 200 A.C. na região do mar Mediterrâneo ) – Santa Maria da Candelária – e uma lancha grande (Assunção), sob o comando dos capitães Antonio da Fonseca, Álvaro Neto e Pedro de Freitas. Como prático, responsável pela navegação, seguiu Vicente  Cochado, famoso pelas suas façanhas anteriores, no Maranhão, como piloto da esquadra de Alexandre de Moura.
Outros auxiliares, também valorosos, se incorporaram: Pedro Teixeira e Pedro da Costa Favela, cujos nomes iriam ficar indeléveis, anos mais tarde, nos fatos históricos da planície. Andre Pereira, Gaspar de Freitas Macedo, Pedro da Costa Cardoso, João Felix  e Matias de Almeida; o tabelião Frutuoso Lopes e o engenheiro Francisco de Frias e Mesquita.
As controvérsias, quanto `a data da partida e quanto ao numero de dias da viagem, foram eliminadas. Segundo comprovação feita exaustivamente, e sobre a qual não subsiste qualquer duvida, as embarcações levantaram velas a 25 de dezembro de 1615, rumo ao Grão-Pará,  e chegaram a 12 de janeiro de 1616.
Capistrano  de Abreu, em  Prolegômenos  - que significa “as coisas que são ditas antes”. A finalidade do prolegômeno não é chegar à conclusão de um assunto, mas determinar quais são as pressuposições básicas que vão determinar a conclusão de um estudo. – de capítulos de Historia do Brasil de D. Luiz de Sousa ao arcebispo de Lisboa, extraída do Livro 11 do Governo do Brasil, Código Manuscrito do Museu Paulista.
Escrevendo a propósito do desembarque dos expedicionários, na consagrada obra que deixou `a posteridade, reportou-se o barão de Guajará  a uma ponta saliente de terra firme, elevada e íngreme bem adequada aos meios de defesa, contando do lado direito com um profundo igarapé,  que corria próximo, vindo de um alagadiço denominado Pirí,  nas imediações do atual Arsenal da Marinha, e a desembocar onde hoje é o chamado Vero-o-Pêso.
Nesse local desembarcou o capitão-mór com homens de seu comando, sob os olhares espantados do nativos  que se chamavam Tupinambás – a tribo com que entrou em contato. Serviu-se para isso de intérprete,  especialmente recrutado.
Usando dos processos adotados pelos conquistadores do Sul, deram os recém-chegados aos nativos, que se mostravam acessíveis, presentes constando de roupas, ferramentas e coisas sem muita importância.
Graças a esse expediente, de inegável oportunidade, pôde  Francisco Caldeira Castelo Branco erigir o primeiro acampamento da Expedição. Dentro em pouco entrou em atividade, para a construção de um fortim de taipa, devidamente armado,  e do arraial, sob a proteção de Santo Cristo.
Esta é, em síntese, a origem do povoado  de Nossa Senhora de Belém,  possivelmente baseada nas comemorações do Natal, quando se verificou a saída da pequena expedição de São Luiz com destino `a Amazônia.
Povoado surgido em condições modestas, com um cercado de pau-a-pique, em caráter naturalmente provisório, erguido como defesa.
Barracas construídas de madeira tôsca,  para abrigo da gente branca – depôs o provecto escritor paraense Arthur Porto – cobertas de folhas de palmeiras da região, usada ainda hoje em muito lugares da Amazônia. E, pelo tempo adiante, ampliado aquele recinto habitado, pouco a pouco se tornando a cidade velha, `a margem da Baia de Guajará,  com arruamentos de casas em linha paralelas, construções destinadas ao Governador, Senado da Câmara, Fazenda, Cadeia, Igreja  e casas menores de moradores. (ver continuação).

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