Com
a vitória dos portugueses em Guaxenduba, na costa do Maranhão, em 1615, surgiu
a ordem de investir contra os invasores do extremo norte. Vale dizer, contra os ingleses de Cumaú, irlandeses
de Torrego. Na ilha de Tocujús, holandeses de Maturú, Mariocaí e Mandiatuba, e
franceses espalhados pelo estuário. Delicadíssima a tarefa da expulsão, já pela
falta de contigentes humanos, já pela astucia dos corsários, bastante hábeis em
adquirir a confiança dos nativos da região.
Rápido
se deu, na opinião de autorizado historiador, o preparo da expedição: três dias
somente. Coube o comando a Francisco Caldeira Castelo Branco, intitulado de
antemão o “Descobridor e primeiro conquistador do Amazonas”. A tropa, constante
de duzentos homens, foi repartida por um caravelão (O caravelão não tinha mais
de 40 ou 50 toneis, segundo o Livro Náutico (cód. 2257 da Biblioteca Nacional,
Lisboa), onde aparece a menção de "Hum caravelão pª recados". Devia
ser em tudo semelhante à caravela, arvorando dois mastros, geralmente, e neste
caso particular, a fonte citada indica que iria artilhado com dois falcões e
quatro berços (ambas peças de artilharia de pequeno calibre), com uma
tripulação de 25 pessoas. Cumpria as tarefas auxiliares nas armadas de:
aguadas, abastecimentos, explorações e navio-correio ) grande (Santa Maria da Graça), um patacho - Patacho: Navio de dois mastros, armados o da proa a
redonda e o da ré a latina (A vela latina é uma vela do tipo triangular que surgiu por volta de
200 A.C. na região do mar
Mediterrâneo ) – Santa
Maria da Candelária – e uma lancha grande (Assunção), sob o comando dos
capitães Antonio da Fonseca, Álvaro Neto e Pedro de Freitas. Como prático,
responsável pela navegação, seguiu Vicente Cochado, famoso pelas suas façanhas anteriores, no Maranhão,
como piloto da esquadra de Alexandre de Moura.
Outros
auxiliares, também valorosos, se incorporaram: Pedro Teixeira e Pedro da Costa
Favela, cujos nomes iriam ficar indeléveis, anos mais tarde, nos fatos
históricos da planície. Andre Pereira, Gaspar de Freitas Macedo, Pedro da Costa
Cardoso, João Felix e Matias de
Almeida; o tabelião Frutuoso Lopes e o engenheiro Francisco de Frias e
Mesquita.
As
controvérsias, quanto `a data da partida e quanto ao numero de dias da viagem,
foram eliminadas. Segundo comprovação feita exaustivamente, e sobre a qual não
subsiste qualquer duvida, as embarcações levantaram velas a 25 de dezembro de
1615, rumo ao Grão-Pará, e
chegaram a 12 de janeiro de 1616.
Capistrano
de Abreu, em Prolegômenos - que significa “as
coisas que são ditas antes”. A finalidade do prolegômeno não é chegar à
conclusão de um assunto, mas determinar quais são as pressuposições básicas que
vão determinar a conclusão de um estudo. – de capítulos de Historia do
Brasil de D. Luiz de Sousa ao arcebispo de Lisboa, extraída do Livro 11 do
Governo do Brasil, Código Manuscrito do Museu Paulista.
Escrevendo
a propósito do desembarque dos expedicionários, na consagrada obra que deixou
`a posteridade, reportou-se o barão de Guajará a uma ponta saliente de terra firme, elevada e íngreme bem
adequada aos meios de defesa, contando do lado direito com um profundo
igarapé, que corria próximo, vindo
de um alagadiço denominado Pirí, nas imediações do atual Arsenal da Marinha, e a desembocar
onde hoje é o chamado Vero-o-Pêso.
Nesse
local desembarcou o capitão-mór com homens de seu comando, sob os olhares
espantados do nativos que se
chamavam Tupinambás – a tribo com que entrou em contato. Serviu-se para isso de
intérprete, especialmente
recrutado.
Usando
dos processos adotados pelos conquistadores do Sul, deram os recém-chegados aos
nativos, que se mostravam acessíveis, presentes constando de roupas,
ferramentas e coisas sem muita importância.
Graças
a esse expediente, de inegável oportunidade, pôde Francisco Caldeira Castelo Branco erigir o primeiro
acampamento da Expedição. Dentro em pouco entrou em atividade, para a
construção de um fortim de taipa, devidamente armado, e do arraial, sob a proteção de Santo Cristo.
Esta
é, em síntese, a origem do povoado
de Nossa Senhora de Belém,
possivelmente baseada nas comemorações do Natal, quando se verificou a
saída da pequena expedição de São Luiz com destino `a Amazônia.
Povoado
surgido em condições modestas, com um cercado de pau-a-pique, em caráter
naturalmente provisório, erguido como defesa.
Barracas
construídas de madeira tôsca, para
abrigo da gente branca – depôs o provecto escritor paraense Arthur Porto –
cobertas de folhas de palmeiras da região, usada ainda hoje em muito lugares da
Amazônia. E, pelo tempo adiante, ampliado aquele recinto habitado, pouco a
pouco se tornando a cidade velha, `a margem da Baia de Guajará, com arruamentos de casas em linha
paralelas, construções destinadas ao Governador, Senado da Câmara, Fazenda,
Cadeia, Igreja e casas menores de
moradores. (ver continuação).
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