Expedição de Ursúa
Quando
Cristovão Colombo chegou a Guanaaní, em 1492, já corriam entre seus nativos e
outros tantos aventureiros que por lá já se encontravam, contando e ouvindo tentadoras
versões sobre a existência de fabulosa riqueza na região descoberta. Velhos
morubixabas, detentores dos segredos da selva, falavam sobre um país, não muito distante, atravessado por um mar branco.
Nesse
pais, tão exuberantemente dotado pela natureza, as águas jogavam `as praias
alvinitentes, e profusão, areias de ouro e partículas de diamante. Os nativos
sabiam e sentiam o porque da presença daqueles homens de fantasias coloridas -
que nos dias de hoje só vamos encontrar nos carnavais da Sapucaí no Rio de
Janeiro, Brasil – revestidos de poder, ganância e posse. Para humilhar e tirar
dos nativos informações que levassem a matar as suas fomes, já chegavam
atirando, matando e fazendo prisioneiros, dessa forma sentiam-se dono da
situação. Sem conhecer o tipo de gente que ali habitavam os quais deixavam
transparecer submissão sem se aperceber da realidade, os nativos sábios,
criaram cenários fantasiosos para que eles mesmos – os aventureiros – se destruíssem.
Isto
me faz lembrar quando fazíamos a estrada Manaus Porto Velho, a corrida para
ocupação da Amazônia brasileira, época em que foi ampliado o território amazônico
para terem mais dinheiro do exterior, e isso é o que causa a má interpretação
do desmatamento e queimadas na “Amazônia”. Chegou ao nosso departamento de
estudos e projetos um dia um engenheiro
vindo da Inglaterra funcionário de uma das empresas de estudo do solo e da
medição da topografia do terreno. Apresentou-se dizendo que ali estava para fazer a medição e levantamento topográfico da futura
estrada e sabia de ante mão que não tínhamos profissionais preparado ao seu
nível e que o povo da selva não conheciam o serviço para o qual ele foi
contratado, por isso, sabedor das dificuldades que iria enfrentar gostaria de
que todos ali obedecessem as suas ordens a partir daquele momento. O nosso
chefe de equipe que falava um bom inglês contestou a sua arrogância de
sabedoria e disse: Acredito que o senhor dever ter suas razões para logo assim de cara nos colocar
contra uma falsa parede, possivelmente o senhor deve ter lido sobre nós amazonicos,
muito pouco, ou nada. Aqui a sua frente está um amazonense, filho de pais
amazonense, engenheiro civil, que sou eu; com graduação na Alemanha funcionário
deste departamento de estrada de rodagem já alguns longos anos; a minha equipe aqui presente é formada
por outros engenheiros, desenhistas, topógrafos, leitores de aerofotogrametria (aerofotogrametria. Como o nome sugere, são
fotos, em escala, tiradas por uma câmera, em um avião, em pleno vôo. Com
o conjunto de fotos, faz-se a montagem de toda a área a ser representada).
Todos até o momento colaborando
com o projeto RADAM, que faz a cobertura fotográfica de toda a
Amazônia brasileira. Jovens
militares vindo especialmente com seus conhecimentos servir entre nós, recém
saídos de Rezende no Estado do Rio de Janeiro. Como sugestão gostaria que o
senhor com calma procurasse ver o nosso trabalho e sem duvida terá de nós
caboclos todo o apoio, afinal é para isso que aqui estamos. O homem não se
deixou abater e nada disse mais, passaram-se os dias meses ele entre Manaus e a
frente de uma equipe de topógrafos enfrentava a selva traçando o perfil da
futura Manaus Porto Velho. Certo dia o homem abatido e arrastando um pouco o
português e deixando transparecer medo, sim medo. Procurou o nosso chefe e
desabafou: não sei o que esta acontecendo, meus calculas estão dando errado e
não consigo encontrar a ponta da linha, tenho anos de experiência em varias
partes do mundo e nunca me aconteceu isto, traço o perfil com os teodolitos e
réguas faço o calcula nesta minha maqui de calcular que é a novidade do momento
– uma maquina manual em forma de cilindro, pequena com uma alavanca giratória no seu eixo central - confiro a lentura que vocês fazem e tudo parece estar correto e
quando vamos para o campo e aplicamos no solo aparece no final um desvio de
rota.
Nosso
chefe ficou a pensar e ao mesmo tempo curioso, e finalmente se prontificou em
colaborar com o gringo e tudo esclarecer. Mas uma lição ficou para ele; saber
chegar nos lugares que não conhece. Tempos depois soubemos que um dos nossos
colegas era o causador de tudo, redirecionava os cálculos e assim provocava os
erros dos cálculos do gringo.
Voltando;
Manoa era a cidade de tais
encantos, como sede do governo. El
dourado era o homem que a dirigia com todos os requintes do conforto e do luxo,
em palácio de prata, de telhados reluzente. A navegação
ainda era difícil, naquele
distante século XV, e as
preocupações se impunham, para quem porventura a desejasse penetrar em regiões
ignotas. Em todo caso, convinha ir ao encontro do “tesouro” ambicionado.
Alcançando
o Haiti, meses depois, com objetivo de examinar no próprio local as minas
decantadas mais além, ali defrontou com novo obstáculo. Demorava mais além, em
direção do oriente, o pais prodigioso. Na presunção de outras desilusões,
desistiu o bravo marujo de continuar a viagem desistiu e enveredou por outras
rotas, porque se perdiam no infinito os domínios a percorrer.
Com
a visita de Francisco Orellana a Carlos V. Na Espanha – ocasião em que foi o
rei informado sobre as seduções da “Nova Andaluzia” – voltou `a baila a riqueza
do “pais distante”.
Dessa
vez com mais vigor, face `a presença, em Sapapoia, no Peru, de mais de duzentos
peles bronzeadas, para os quais a cidade Manoa existia, de fato, nas brenhas
que vinham de ser por eles perlustradas.
Eis
ai a razão pela qual armou Pedro de Ursúa
cavaleiro em busca da prata e das pedras preciosas. Herói chegado de árduos combates no Panamá, e
com suficiente experiência da vida, foi o homem indicado para o desempenho de
tão importante comedimento.
Não
lhe faltou, para tanto, o estímulo do rei. Alem do titulo de “Conquistador das
Amazonas”, recebeu a soma de quinhentos mil pesos em ouro da Caixa Real, para
os preparativos da expedição.
De
Lima vieram contratados calafates
e serralheiros, para a construção das embarcações. Erigiu – se pequenos
estaleiros `a margem do hualhaga, no sitio denominado Topesana.
Com
as instalações acima citadas, construíram os operários onze navios, doze
bergantins e nove barcos. Em momento oportuno trezentos homens formaram nos
tombadilhos dessas unidades fluviais, armados de arcabuzes e bem municiados de
pólvora. Dois mil aborígenes e quinhentos cavalos completaram as forças
aparelhadas.
Quase
concluídos os trabalhos da construção, empreendeu Pedro de Ursua viagem a Lima,
a fim de despedir-se do vice-rei, segundo a tradição da época, e ao mesmo tempo
para solicitar instruções.
Por
motivos imperiosos, ali – em Lima – se deteve por um ano e seis meses.
Semelhante imprevisto ocasionou
vultosos prejuízos `a expedição. Independente da tropa, que sofreu alterações,
chuvas copiosas danificaram as embarcações. Daí a necessidade de recuperá-las,
enquanto operários construíam canoas e balsas para os trabalhos suplementares...
Continua
o tema Pedro Ursúa
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