O sinal que você está em Edimburgo, capital da Escócia desde o século XV, será notado pelo seu ouvido. Preste atenção no delicioso sotaque escocês: aqui todos falam como o Sean Connery. E não é atoa: o mais famoso 007 nasceu lá. Aliás, Edimburgo é cidade natal de muita gente famosa: Graham Bell(*), que inventou o telefone, James Maxwell que criou uma das mais importantes equações da física moderna, Arthur Conan Doyle, autor dos livros de Sherlock Holmes e o Tony Blair, que foi primeiro ministro britânico, só para citar alguns.
O centro histórico de Edimburgo é dividido em duas partes: New Town e Old Town, onde está a grande maioria das atrações. Uma grande área verde, o Princess Street Gardens, separa uma da outra. Nesta região estão a estação de trem, por onde se chega e sai para diversas partes do Reino Unido, o monumento a Scott – cujo formato lembra um foguete espacial – e a National Gallery da Escócia, com obras de Rafael, Rembrant, Monet, Van Gogh e Velázquez. Há também, como não poderia deixar de ser, obras de pintores escoceses, como o quadro Reverendo Robert Patinando no Duddington Loch, de Sir Henry Raeburn. A entrada é gratuita para a exposição permanente, aberta diariamente das 10:00 as 17:00. Vale a visita.
Saindo da National Gallery, vire a esquerda e suba para a Old Town, em direção ao Castelo de Edimburgo. Você irá se deparar com uma agradável fisionomia medieval nesta parte da cidade. Prédios históricos, igrejas e monumentos cercam o caminho para o imponente castelo de Edimburgo. Situado no topo de um vulcão extinto, o castelo é o monumento mais visita do da Escócia e entre suas atrações estão as jóias da coroa escocesa.
Há duas boas surpresas aguardando os que descerem o castelo pelo lado esquerdo: a primeira, uma visão bastante imponente do próprio castelo – dá pra entender perfeitamente porque ele foi construído alí. E a segunda é que você estará em uma das áreas mais interessantes e vivas de Old Town: o Grassmarket. Com diversas lojas, pubs e restaurantes, todos em construções históricas, é uma área sempre movimentada e agradável. Mesmo em um pub com o sugestivo nome de “The Last Drop” – o último enforcamento público ocorreu em frente a este pub e dentro dele você lê um cartaz dizendo para não se incomodar com os fantasmas dali: eles beberam o último pint da vida deles provavelmente na mesma cadeira que você está bebendo o seu. Aproveite e prove o haggis – prato típico escocês. Prove primeiro e depois procure saber o que é. A primeira vista vai parecer uma carne moída com aveia, servida com purê de batatas. O gosto é bom.
Após alguns pints e alimentado, siga até o final da quadra. Se for em frente poderá visitar o Parlamento Escocês, inclusive durante as sessões (agendar). Se resolver subir a Victoria Street, você irá ao Royal Mile e, se der sorte, poderá até ver um casamento na catedral de Saint Giles, com direito a gaita de fole e kilts (tradicional vestimenta escocesa para homens).
Festival Internacional de Edimburgo
Em agosto, a população da cidade praticamente dobra por causa Festival Internacional de Edimburgo – um dos maiores festivais de artes do mundo, com mostras de cinema, teatro e música e o Fringe, que ocorrem em paralelo. Informações sobre estes festivais podem ser encontrados no The Hub (um centro de cultura, em formato de uma igreja, com salas de teatro, cinema e café).
E o uísque ?
Pergunta quase óbvia: onde fica a maior coleção de uísque do mundo ? Na Escócia, claro. Mais precisamente em Edimburgo, na Royal Mile. Ela pode ser visitada no curioso The Scoth Whisky Experience. Por 11 libras você embarca em um tonel de carvalho – num estilo trem fantasma – e percorre por 10 minutos um labirinto por onde se aprende detalhes sobre a fabricação do uísque. Vídeos curiosos sobre a fabricação de barris e sobre como eles precisam ser “emprestados” para outros produtores (de bourbon americano, por exemplo), antes de estarem prontos para receber a mistura que vai se tornar o uísque escocês. Depois é realizada uma palestra de cerca de 30 minutos, onde se aprende, por exemplo, que existem 4 grandes áreas produtoras de uísque na Escócia e as particularidades do uísque produzido em cada uma delas.
O uísque evapora enquanto está no barril – e ele fica lá por algo entre 8 a 24 anos ! Essa porção que “some” durante o processo de envelhecimento, era chamada pelos escoceses “the Angels share” – a porção do uísque que foi para os anjos. O volume de um barril cai 2% ao ano por conta desta evaporação. Assim, um uísque de 12 anos teve 24% de sua produção original “tomada pelos anjos”.
Quem era o dono da maior coleção de uísque do mundo, que agora está em Edimburgo ? Um escocês ? Não. Era um brasileiro, Claive Vidiz, que, apesar do nome, é paulistano. E os escoceses agradecem. Eles jamais conseguiriam formar uma coleção tão grande (cerca de 4300 garrafas): eles sabem que uísque não é pra colecionar. É pra beber !
Você sabia!?...
- Cerca de 19 garrafas de uísque são engarrafas por segundo na Escócia.
- As quatro áreas produtoras de uísque na Escócia são: Lowlands (uísque mais leve e doce), Highlands (com aroma frutado), Speyside (mais perfumado, floral) e Islay (um aroma mais forte, defumado).
- Blend é um uísque com mistura de uísques de malte e grão (Johnie Walker é blend).
- O responsável pela elaboração de blends (o master blender, responsável por identificar a correta mistura de uísques para gerar o blend) jamais prova os uísques. Ele analisa e prepara as proporções apenas pelo olfato.
- Uma vez saído do barril e engarrafado, o uísque não envelhece. Ou seja: aquela garrafa de um “8 anos” que você comprou não vai virar um “doze anos” se você deixá-la com os vinhos na adega.
- Para se provar o uísque, siga os mesmos passos para se provar um vinho: olhe contra a luz para ver a cor, depois agite o copo para sentir o aroma e, por fim, beba para sentir o gosto.
- O uísque ganhou popularidade na Europa quando uma praga atacou os vinhedos do continente e reduziu drasticamente a oferta do produto. Essa praga veio dos Estados Unidos em mudas de uva. Era uma pratica comum, porém o longo tempo de viagem não permitia que a praga chegasse viva até a Europa. Bem, isso até a invenção dos rápidos barcos a motor, que reduziram o tempo de viagem. Esta é uma boa época para dar uma chegada na Escócia.
******
(*) Aproveitando, Graham Bell ou Alexander Graham Bell, nasceu em Edimburgo, 3 de março de 1847. Embora historicamente Bell tenha sido considerado como o inventor do telefone, o italiano Antonio Meucci foi reconhecido como o seu verdadeiro inventor, em 11 de junho de 2002, pelo Congresso dos Estados Unidos, através da resolução N°. 269. Meucci vendeu a patente do aparelho a Bell no ano de 1870 Alexander Graham Bell que nasceu em Edimburgo numa família ligada ao ensino de elocução: o seu avô em Londres , seu tio em Dublin, e seu pai, Sr. Alexander Melville Bell, em Edimburgo, eram todos elocucionistas professados. Este último publicou uma variedade de trabalhos sobre o assunto, dos quais vários são bem conhecidos, em especial o seu tratado na linguagem gestual, que apareceu em Edimburgo em 1868. Neste explica o seu método engenhoso de instruir surdos mudos, por meio visual, como articular palavras e como ler o que as outras pessoas dizem pelo movimento dos lábios. Graham Bell, seu filho distinto, foi educado na escola real de Edimburgo, onde se graduou aos 13 anos. Aos dezesseis fixou uma posição como professor de elocução e de música na academia de Weston house, em Elgin,Escócia. O ano seguinte foi passado Universidade de Edimburgo. De 1866 a 1867 foi instrutor na universidade de Somersetshire em Bath,Inglaterra. Enquanto esteve na Escócia virou a sua atenção para a ciência da acústica, com o objetivo de melhorar a surdez de sua mãe.
Em 1870, aos 23 anos, mudou-se com a família para o Canadá, onde se estabeleceram em Brantford,Ontário. Antes de sair da Escócia, Alexander Graham Bell virou a sua atenção para o telefone, e no Canadá continuou o seu interesse por máquinas de comunicação.
Graham Bell virou estrela na calçada da fama na Simcoe Street. em Toronto Canadá.
Projetou um piano que podia transmitir música a uma certa distância por meio de eletricidade. Em 1873 acompanhou seu pai a Montreal, Quebeque, onde se empregou para ensinar o seu sistema de linguagem gestual. A Bell mais velha foi convidada a introduzir o sistema numa grande escola para mudos em Boston, mas declinou o posto em favor do seu filho, que se tornou logo famoso nos Estados Unidos pelo seu sucesso neste importante trabalho. Alexander Graham Bell publicou mais de um tratado sobre o assunto em Washington, e é principalmente com os seus esforços que os milhares de surdos mudos na América podem agora quase falar, se não completamente, tão bem quanto as pessoas que conseguem ouvir.
Em Boston continuou a sua pesquisa no mesmo campo, e esforçou-se para produzir um telefone que emitisse não somente notas musicais, mas articulasse a fala.
Com financiamento do seu sogro americano, em 7 de Março de 1876, o Escritório de Patentes dos Estados Unidos concedeu-lhe a patente número 174.465 que cobre "o método de, e o instrumento para, transmitir sons vocais ou outros telegraficamente, causando ondulações elétricas, similares às vibrações do ar que acompanham o som vocal.", ou seja o telefone. Após ter obtido a patente para o telefone, Bell continuou suas experiências em comunicação, que culminaram na invenção da photophone - transmissão do som num feixe de luz - um percussor dos sistemas de fibra óptica atuais. Também trabalhou na pesquisa médica e inventou técnicas para ensinar o discurso aos surdos.
Bell teve 18 patentes concedidas em seu nome e outras doze que compartilhou com seus colaboradores. Estas incluem 14 para o telefone e o telegrafo, quatro para o photophone, uma para o fonógrafo, cinco para veículos aéreos, quatro para hidroaviões, e duas para uma pilha de selénio. Em 1888 era um dos membros fundadores da National Geographic Society e transformou-se no seu segundo presidente.
Recebeu muitas honrarias. O governo francês conferiu-lhe a decoração da Légion d'honneur (legião de honra), a Académie française atribuiu-lhe o prémio Volta, de 50 mil francos, a sociedade real das artes em Londres concedeu-lhe a medalha Albert, em 1902, e a universidade de Würzburg, Baviera, concedeu-lhe o grau de doutoramento honoris causa.
Bell casou-se com Mabel Hubbard em 11 Julho de 1877, tornou-se cidadão naturalizado dos EUA em 1882 e morreu em Baddeck, Nova Escócia, em 1922.
Toda essa historia por causa do uísque.
Nenhum comentário:
Postar um comentário