No início do século 15, a China era, de longe, a nação mais avançada da Terra: seus exércitos já empunhavam armas de fogo quando ingleses, portugueses e espanhóis ainda se espetavam com lanças e flechas. E o maior contraste entre o avanço da China e o atraso europeu estava na engenharia naval. Por volta de 1400, Zhong Di, o imperador que levou a dinastia Ming ao seu auge econômico, construiu uma frota de 300 ba chuan ou "navios de tesouro" - monstros náuticos com 150 metros de comprimento. Relatos da época dizem que, ao serem lançados ao mar, os navios colossais pareciam uma cidade flutuante. Eram, sem dúvida, as maiores e mais mortíferas embarcações já feitas pelo homem até então.
A armada fantástica fez várias viagens pelo oceano Índico, entre 1400 e 1430. A mais famosa partiu de Nanquim no dia 3 de março de 1421, sob o comando do bravo almirante Zheng He, chinês de família muçulmana e eunuco ( eunuco: “Homem castrado, usado na antiguidade e na idade média como empregados domésticos, guardas de harems, soldados, etc.
Incrivelmente, existem no mundo de hoje muito mais eunucos que antigamente. Só na ìndia, existem mais de 1.000.000 de eunucos, os chamados" hijras", castrados por motivos culturais e religiosos. Ainda na Rússia persistem os castrados denominados "skoptsi", capados por fanatismo religioso, para manutenção da castidade. Fora esses, existem milhões de homens castrados por motivos médicos, para impedir a evolução do câncer de próstata. Só nos Estados, existem perto de 1.000.000 desse tipo de castrados. No Brasil, perto de 350.000. Calcula-se que devam existir em todo o mundo, pelo menos 30.000.000 de eunucos por esse motivo terapêutico.”). Os relatos oficiais dizem que o capitão eunuco navegou pela costa da África e deu meia volta nas proximidades da Tanzânia, no leste do continente. Isso não é pouco: o percurso, de 16 mil quilômetros, é praticamente o dobro da distância entre Brasil e Portugal. Mas, desde 2002, quando lançou o livro 1421..., Gavin Menzies vem divulgando a teoria de que a armada de Zheng He (Zheng He nasceu em 1371, na região da Prefeitura de Kunyang (hoje, conhecido por Jinning County, em Kunming), na Província de Yunnan, de uma família muçulmana, cuja história remonta a Dinastia Song (960-1279).
De nacionalidade Hui? (minoria na China), pertenceu a minoria Semur que era originalmente da Ásia Central. Seu pai e seu avô tinham viajado em perigrinação à Meca. Aos dez anos, foi capturado em uma campanha militar e feito eunuco.
Trazido à Corte em Pequim, participou de várias campanhas militares, sobretudo na guerra de sucessão de Jinnan, ao lado de Zhu Di, Príncipe de Yan, que veio a ser o imperador Yongle. Tornado um valido do Imperador, foi-lhe dado em 1404 o apelido – Zheng, quando passou a denominar Zheng He.
Sete expedições navais ocorreram durante 28 anos, entre 1405 a 1433. Juntas, totalizam 50 mil quilômetros, entre mais de 30 antigos reinados e territórios, aproximadamente. Elas narram um período particular de prosperidade durante a antiga Dinastia Ming (1368-1644). Essas viagens são chamadas de “Eunuch Sanbao to the Western Ocean” ou “Zheng He to the Western Ocean”.
“O Oceano Ocidental” é uma referência aos lugares africanos e asiáticos que Zheng He explorou, incluindo Cochin e Calicute, na costa oeste da Índia, o Estreito de Hormuz, a Pérsia e Jidá, na Arábia. Também visitou as Ilhas Maldivas, Java, Sumatra e Bornéo, assim como a costa da África.
O portulano de Zheng He forma expedições que mobilizaram meios consideráveis. Ele navegava com dezenas de barcos “carregados de tesouros” – mais de sessenta, em uma das viagens – e até 28 mil soldados e tripulantes a bordo...
Observação: a frota de Pedro Álvares Cabral leva 1.500...
Nos anos de 1930, um pilar de pedra foi descoberto em Changle, uma cidade da Provínca de Fujian. Ele contém inscrições que descrevem as incríveis viagens de um chinês chamado Zheng He. Quinhentos anos antes, em 1431, Zheng He tinha escolhido esse lugar para construir um pilar, no Templo da Esposa Celestial, uma deusa taoista. Zheng He descreveu como o Imperador da Dinasta Ming o ordenou a navegar para “os países ao longo do horizonte, todos os caminhos que levam ao fim do mundo”. Sua missão foi mostrar o poder chinês e adquirir respeito dos povos “bárbaros através dos mares”. O pilar contém os nomes em chinês, dos países que Zheng He visitou. Num todo, ele visitou 30 nações da Ásia até a África).
Seguiu adiante e contornou o Cabo da Boa Esperança, 60 anos antes que Bartolomeu Dias fizesse o mesmo no sentido contrário. Dali, os chineses teriam se lançado à descoberta do Novo Mundo.
Contornar o cabo não seria um desafio tão grande para o ba chuan. A travessia ali é muito mais uma questão de força do que de jeito - não bastava ser um grande navegador, mas era preciso ter uma embarcação capaz de suportar a força dos ventos e das ondas nas "tormentas". A partir dali, a jornada seria facilitada graças à corrente de Bengala, que sobe pela costa da África, começando no Cabo da Boa Esperança. "O navegante que chegasse ao cabo, vindo do leste, seria levado pela corrente para o norte por 4 800 quilômetros", escreve Menzies. Nessa altura, o navio pegaria carona em outra corrente marítima - a Sul-Equatorial, que faz uma curva para o oeste e desemboca exatamente no norte do Brasil. Menzies calculou que a armada chinesa tenha passado pelo litoral do Maranhão ou de Pernambuco em setembro de 1421. Não há como saber se houve desembarque, mas Menzies apostou que os chineses toparam com os índios brasileiros e inclusive ficaram bem íntimos das índias: pesquisas feitas por geneticistas americanos no ano 2000 encontraram semelhanças entre genes chineses e de tribos do Mato Grosso do Sul. Além disso, sabe-se que tribos da Bacia Amazônica sofrem de uma doença chamada chimbere, que causa marcas concêntricas na pele, parecidas com tatuagens. A doença só ataca pessoas com predisposição genética, é passada de pai para filho, e o único lugar onde a situação se repete é o leste da Ásia - lá, a enfermidade se chama tokelau. "O chimbere sul-americano e o tokelau asiático são provas de que houve contato entre as regiões antes da chegada dos europeus", escreveu o geógrafo francês Max Sorre em A Luta Contra o Meio, ensaio científico publicado em 1967 - bem antes de Menzies começar suas pesquisas.
Depois de espalhar seus genes pelo Brasil, os chineses teriam entrado no Pacífico pelo sul da Argentina. Dali, foi só fazer a volta ao mundo. E ainda, bem no finzinho da viagem, Menzies acreditou que eles desembarcaram na Austrália. Em 1965, exploradores desenterraram um enorme leme de navio, com cerca de 12 metros da altura, no estado australiano de Nova Gales do Sul. "Somente um ba chuan teria um leme tão grande", escreveu Menzies, que também apostou no encontro entre os descobridores chineses e os nativos da Oceania. Tanto os aborígenes da Austrália quanto os maoris, povo que vive na Nova Zelândia, contam lendas sobre um grupo de navegantes, "vestidos em longas túnicas", que teria desembarcado em suas terras antes dos europeus (por sinal, há relatos chineses sugerindo que a Austrália já tinha sido descoberta até antes de 1421).
Mas, se tudo isso aconteceu, então por que Brasil e Austrália não falam mandarim e por que não comemos nossos pratos com a ajuda de pauzinhos? A resposta está no amargo regresso de Zheng He à China em 1423. Zhong Di, patrono das navegações, fora derrubado por uma rebelião - e o novo soberano decidiu que conquistar o mundo estava onerando os cofres imperiais. A marinha chinesa foi praticamente desativada e a maior parte dos documentos relativos à viagem de Zheng He foram queimados pelos censores do novo imperador, que queria desestimular extravagâncias futuras apagando os vestígios das passadas. A China desistiu de conhecer o mundo e decidiu se voltar para dentro, transformando a figura de Zheng He num tabu nacional, representante das tendências expansionistas e contrárias à idéia confuciana de que a China tinha de ficar fechada à influência dos "bárbaros". Abandonadas ao léu, as colônias chinesas no Novo Mundo definharam, e sua memória se perdeu. Pelo menos até agora.
Os navegantes de Odin
teoria de Menzies não é muito popular entre historiadores profissionais - embora nela tudo se encaixe, as provas concretas para apoiá-la são poucas, frágeis e todas fortemente contestadas por historiadores. Mas, se for verdadeira, preencheria muitas lacunas - entre elas, documentos inexplicáveis como o Planisfério de Fra Mauro, desenhado por um monge italiano em 1459 e que repousa na Biblioteca Nazionale Marciana, em Veneza. Nele, aparece a localização exata do Cabo da Boa Esperança mais de 30 anos antes da descoberta oficial de Bartolomeu Dias. Menzies apostou que o monge cartógrafo copiou uma carta náutica desenhada pela armada de Zheng He no início do século 15.
Entre tantas dúvidas, há alguns consensos. Por exemplo: a primeira descoberta da América aconteceu no século 9, séculos antes da dinastia Ming subir ao poder na China. Era a época em que os vikings, antigos habitantes da Escandinávia, exploravam o litoral da Europa e o norte do Atlântico. A Saga dos Groenlandeses, épico viking escrito por volta do século 13, fala das navegações de Leif Eriksson, que teria partido da Groenlândia por volta de 970 e fundado uma colônia no noroeste do Atlântico - a Vinlândia. Conta a saga que o entreposto foi destruído por ataques dos skraelingar - povo misterioso que "disparava flechas, vestia jaquetas de couro e remava botes cobertos de peles".
A lenda da Vinlândia era bem conhecida na Europa na época dos descobrimentos, mas durante séculos acreditou-se que o relato era pura mitologia - até que, em 1960, um grupo de arqueólogos desenterrou uma fazenda tipicamente viking na província de Newfoundland, no litoral do Canadá. As casas estiveram soterradas por centenas de anos, mas um rigoroso trabalho de recuperação arrancou da terra uma quantidade assombrosa de vestígios. "A estrutura de madeira das construções, com pilastras retangulares, é idêntica à de sítios arqueológicos na Islândia e na Groenlândia - que eram colônias vikings", explica o historiador Johnni Langer, que há anos pesquisa as viagens vikings às Américas. "Também foram encontrados vários objetos de metalurgia, como pregos, alfinetes e fusos de tecelagem. E os indígenas que habitavam a região não trabalhavam o ferro." A datação do carbono 14 (teste químico que determina a idade de peças arqueológicas) revelou que tudo isso foi produzido e construído por volta do ano 1000 - ou seja, a data bate com a história da Saga. E os tais skraelingar são a cara dos indígenas beothuk, que viviam na região nos séculos 10 e 11.
Uma questão permanece em aberto: será que os vikings exploraram o interior do continente ou ficaram só na pequena fazenda no litoral? "Hoje, não resta a menor sombra de dúvida de que os vikings navegaram à América no século 10 e ficaram alguns anos por lá. É uma questão de bom senso: seria estranho se não tivessem explorado terra adentro. Mas, por enquanto, faltam provas", diz Langer.
Fenícios e celtas
As primeiras navegações confirmadas à América foram mesmo as dos vikings - mas séculos antes de Leif içar suas velas, já circulavam no Velho Mundo lendas sobre grandes terras desconhecidas do outro lado do Atlântico. Contam historiadores antigos que o primeiro povo a procurar esse continente remoto foram os fenícios - os maiores navegadores da Antigüidade, antepassados dos libaneses. Na obra Bibliotheca Historica, escrita no século 1 a.C., o romano Diodorus Siculus conta que o capitão fenício Himilcon singrou o "Oceano Ocidental" por volta de 500 a.C. e chegou a uma "grande terra, fértil e de clima delicioso". A descoberta foi mantida em segredo para evitar que outros povos explorassem o lugar - revelar sua localização era crime punido com a morte.
No início da Idade Média, começaram a circular rumores de que o misterioso país do ocidente era uma espécie de paraíso terreno, imagem do Éden descrito na Bíblia. Entre os celtas da Irlanda, a terra encantada ganhou o nome de Hy Brazil. A palavra céltica Brazil tem origens incertas, mas alguns acreditam que derive do termo fenício "barzil", que significava "ferro" - sabe-se que fenícios e celtas comerciaram na Antigüidade e podem ter trocado vocábulos além de mercadorias. Outros tradutores acham que Brazil vem do celta "bress", raiz da palavra inglesa "bless" - abençoar. A história oficial, como se sabe, conta que nosso país foi batizado em homenagem ao "pau-brasil", a madeira "da cor da brasa" que abundava no litoral do Nordeste e cuja casca dava uma tintura vermelha, usada para tingir as vestes mais luxuosas de Lisboa. Essa versão esquece, claro, que a palavra Brasil é mais antiga que existência da própria língua portuguesa, cujos documentos mais antigos só surgiriam no século 9.
Um descobridor alternativo das Américas pode ter sido um religioso celta em busca do paraíso terrestre: A Navegação de São Brandão, obra escrita na Irlanda por volta do ano 900, conta a história de um monge irlandês que em 556 teria partido pelas águas do Atlântico em um currach - pequeno barco de madeira, coberto de peles e usado por pescadores. Reza a lenda que São Brandão, com uma pequena tripulação de monges-marinheiros, encontrou a fabulosa terra de Hy Brazil, "cheia de bosques e grandes rios recheados de peixes", e voltou à Irlanda para contar a história.
Nenhuma evidência arqueológica confirma que fenícios ou celtas tenham estado no Novo Mundo - mas a chance, segundo alguns pesquisadores, não é de desprezar. "Mesmo na falta de provas definitivas, é ingênuo negar a possibilidade de que povos antigos tenham navegado à América", diz Luiz Galdino, membro do Instituto Histórico e Geográfico de São Paulo, que pesquisa as descobertas alternativas do Novo Mundo há mais de 30 anos. Galdino aponta para a corrente Sul-Equatorial (a mesma que pode ter trazido os chineses ao Brasil) como o caminho mais provável para exploradores antigos. "Os fenícios tinham navios capazes de carregar mais mantimentos que as caravelas portuguesas. Sabemos que eles navegaram pela costa da África até o século 4 a.C. - e, se um de seus barcos tivesse entrado por acaso na corrente Sul-Equatorial, iria diretamente para as praias de Pernambuco", diz Galdino, que planeja lançar um livro sobre "as descobertas do Brasil". "O mesmo caminho pode ter sido seguido por celtas, romanos, árabes. O Brasil e as Américas foram descobertos várias vezes ao longo dos séculos".
Novo Mundo ou fim do mundo?
"E Deus quis que o Novo Mundo fosse descoberto pelos reis cristãos e seus vassalos, e que eles aceitassem alegremente o trabalho de converter e conquistar os idólatras. Bendito seja o Senhor!" Assim o espanhol Gonçalo Fernandes de Oviedo descreve o espírito de sua época, na obra Historia General de las Indias e de las Tierras del Mar Oceano, escrita em 1535. Tempo em que os espanhóis invadiam e dominavam as terras descobertas por Colombo, "para maior Glória de Deus". E foram os próprios conquistadores que começaram a transformar sua aventura em história: Oviedo, um fidalgo que veio às Américas para colonizar, foi o primeiro "cronista de Indias" da coroa espanhola - em outras palavras, historiador oficial encarregado de justificar e glorificar a conquista. A "descoberta" foi descrita como uma vontade divina. Os índios eram infiéis sem civilização, como os negros africanos: deviam se converter ou virar escravos.
Cronistas da época também esculpiram a versão de que nenhum outro povo "civilizado" alcançara o Novo Mundo antes dos ibéricos. Não à toa: o dono, claro, era quem chegou primeiro e a ele cabia o direito de ficar rico com isso. O mesmo raciocínio foi adotado uns dois séculos depois pelos colonizadores ingleses da Austrália: embora a ilha já tivesse sido avistada pelos portugueses em 1522, pelos holandeses em 1614 e talvez pelos chineses bem antes disso, o "descobridor oficial" foi o britânico James Cook, que tomou posse da terra em nome da Coroa inglesa. (De todos os possíveis descobridores da Oceania, só os chineses vestiam "longas túnicas", como os misteriosos visitantes das lendas aborígenes e maoris).
No Brasil, a transformação de Pedro Álvares Cabral em herói só ocorreu no século 19. Até então, livros de história mal falavam nele. Em Portugal, também era pouco lembrado: a casa que pertencera à sua família, na cidade de Santarém, ficou abandonada por séculos e chegou a virar um prostíbulo, até ser restaurada em meados do século 20. "Depois da Proclamação da República, em 1889, o país buscava uma identidade nacional, precisava de um herói em suas origens", diz Leandro Karnal, da USP. Colombo também permaneceu nas sombras por séculos e só foi reabilitado em 1866, quando americanos de origem italiana inventaram o Columbus Day, ou Dia de Colombo. O objetivo era sublinhar o papel da Itália na colonização da América - truque ideológico numa época em que os imigrantes italianos eram desprezados e até linchados pela elite anglo-saxã.
Com o tempo, a celebração da "descoberta" foi exportada para a América Central e do Sul e até hoje faz parte de muitos calendários nacionais. É um bom exemplo de história contada pelos vencedores: europeus, brancos e cristãos. Se nossos livros tivessem sido escritos pelos perdedores, talvez todos esses relatos não fossem contados como épicos, mas em tom apocalíptico. No México e no Peru, sacerdotes indígenas decretavam que seus deuses nativos estavam mortos e anunciavam o fim da civilização. O que os "descobertos" pensavam sobre a tal Idade dos Descobrimentos pode ser resumido em um verso, escrito por um poeta indígena do México na aurora do Novo Mundo: "Oh meus filhos, em que tempos detestáveis vocês foram nascer!"
Os primeiros moradores
Discutir se foram chineses, vikings ou espanhóis os primeiros a chegar ao Novo Mundo guarda um certo equívoco histórico. Afinal de contas, as Américas já tinham sido descobertas havia pelo menos 15 mil anos - e a Oceania, há cerca de 46 mil! Os pioneiros vieram da Ásia, quando os ancestrais dos portugueses ainda viviam na Pré-História.
Os primeiros australianos, ancestrais do povo que os colonizadores ingleses batizaram de aborígenes, eram caçadores e pescadores de pele escura, originais do Sudeste Asiático. Chegaram à Oceania caminhando - naquela época, havia ligações por terra entre as ilhas do Pacífico e o litoral da Ásia. O que pouca gente sabe é que os primeiros habitantes da América não foram os ancestrais dos nossos índios de pele avermelhada e olhos puxados, mas parentes dos australianos antigos. Em 1999, o arqueólogo brasileiro Walter Neves examinou um crânio feminino encontrado em Minas Gerais e descobriu feições aborígenes (ou "australo-melanésias", para usar o termo científico). O fóssil foi batizado de Luzia e data de 12 mil anos atrás - a primeira brasileira de que se tem notícia. Os tataravôs de Luzia devem ter chegado à América vindos do Sudeste Asiático.
Já os ancestrais dos nossos tupiniquins, dos astecas mexicanos e dos apaches dos EUA só começaram a chegar ao Novo Mundo há 12 mil anos. Vieram da Sibéria, atravessando o estreito de Bering e se espalharam para o sul. Como o interior da América do Norte estava congelado na época, os prototupis teriam navegado até a América Central e, a partir daí, desbravado o interior, chegando até os confins da Terra do Fogo, no extremo sul do continente. Segundo Walter Neves, devem ter entrado em conflito com os australo-melanésios, na disputa por caça e território. "Não se sabe ao certo quando o povo de Luzia foi extinto, mas é possível que alguns poucos ainda existissem na época do descobrimento português".
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