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sexta-feira, fevereiro 10, 2012

A Cruzada do Descobrimento e a Ordem dos Templários

A Ordem combatente dos padres-soldados
Conquistada pelos “cristãos” na Primeira Cruzada (
A Primeira Cruzada teve início em 1095 após declaração do papa Urbano II durante o Concílio eclesiástico de Clermont, na França. Na ocasião, ele evocou a necessidade de os cristãos reconquistarem Jerusalém e libertarem o SANTO SEPULCRO (O Santo Sepulcro é assim denominado por se referir ao suposto lugar no qual os cristãos acreditam que o Messias foi morto na cruz, enterrado e ressuscitado ao terceiro dia, no Domingo Pascal, como afirmavam as profecias relativas a Ele. É considerado, por esta razão, um dos recantos mais venerados do Cristianismo), sob domínio muçulmano desde 1076. O movimento militar de caráter religioso não foi um episódio isolado, mas um conjunto de campanhas que incluiu a Cruzada Popular a Cruzada dos Nobres e a Cruzada de 1101.
A atitude do papa foi motivada em parte pelo imperador Aleixo I Comneno, de Constantinopla (1081-1118), que temia uma investida muçulmana contra seus territórios, dada a proximidade de seus domínios com a cidade santa de Jerusalém. Urbano II prometeu aos participantes da expedição, a absolvição dos pecados, além da garantia de terras e riquezas quando da reconquista da Terra Santa...)
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em 1098, Jerusalém estava de novo cercada pelos árabes em 1116. Foi quando os nobres franceses Hugo de Poiens e Geoffroi de Saint-Omer juraram, na Igreja do Santo Sepulcro (o templo dos cristãos), viver em perpétua pobreza e defender os peregrinos que vinham à Terra Santa. Nascia assim a Ordem dos Cavaleiros Pobres de Cristo, renomeada, em 1119, como Ordem dos Cavaleiros do Templo - a Ordem dos Templários. Podemos observar o sempre presente oportunismo que com grandes títulos impressionavam e influenciavam aquém bem entendesse em prol das suas ganâncias, usando na maioria das vezes as religiões como escudos e hoje não é tão diferente, é só parar e avaliar.
Na época, várias organizações católicas congregavam devotos sob regimento próprio. A dos Templários, entretanto, era diferente: seus membros eram monges-guerreiros. As normas da Ordem eram secretas e só conhecidas, na totalidade, pelo comandante-em-chefe (o grão-mestre) e pelo papa. A grande jogada deste negócio era que ficou estabelecido desde o início de que, os templários foram desobrigados de obedecer aos reis. Podiam, assim, ter interesses próprios, assim estava armada a grande farsa, que levava o nome de uma figura que só pregou a paz e o amor entre seus irmãos da época Jesus o homem de Nazaré, fantasiados de monges... Criaram segredos e graus de hierarquia para satisfazerem seus instintos de dominantes, - este é um dos grandes perigos das religiões que em nome de um Deus praticam roubos e matam - ao entrar na companhia, o novato conhecia só uma parte das regras que a guiavam e, à medida em que era promovido, sempre em batalha, tinha acesso a mais conhecimentos, reservados aos graus hierárquicos superiores. Ritos de iniciação marcavam as promoções. Foi essa estrutura que permitiu, mais tarde, à Ordem de Cristo manter secreto os conhecimentos de navegação no Atlântico.
Banqueiros pobres
Enquanto as cruzadas empolgaram a Europa, os templários receberam milhares de propriedades por doação ou herança e desenvolveram intensa atividade econômica. Nos seus feudos, introduziram métodos racionais de produção e foram os primeiros a criar linhagens de cavalos em estábulos limpos. Uma rede de postos bancários logo se espalhou por vários países. Peregrinos a caminho da Terra Santa depositavam seus bens no ponto de partida e ganhavam uma carta de crédito com o direito de retirar o equivalente em moeda local em qualquer estabelecimento templário. Daí para gerirem as finanças de reis como o da França foi um passo.
Mas a sua exuberância gerou inveja. Enquanto houve cruzadas, os templários exibiram orgulhosamente o manto branco com a cruz vermelha - a mesma que depois as naus portuguesas usariam. Com a queda da Cidade Santa, em 1244, e a expulsão das tropas cristãs da Palestina, em 1291, a mística se dissipou e a oposição monárquica tornou-se explícita. Nas décadas seguintes, a confraria seria extinta em toda a Europa. Com a exceção de Portugal.
Calúnia e difamação contra os guerreiros
O rei da França, Felipe IV, o Belo, devia dinheiro à Ordem dos Templários. Os templários franceses eram os mais poderosos da Europa. Controlavam feudos e construções no interior e em Paris. Entre eles, o Templo, um conjunto de igrejas e oficinas que, reformado em 1319, virou o presídio da Bastilha, mais tarde destruído durante a Revolução Francesa.
As derrotas no Oriente Médio alimentaram uma onda de calúnias segundo as quais os cavaleiros teriam feito acordos com os muçulmanos, fugido de campos de batalha e traído os cristãos. Aproveitando o clima, em 13 de outubro de 1307, Felipe invadiu, de surpresa, as sedes templárias em toda a França. Só em Paris foram detidos 500 cavaleiros, muitos sendo degolados no mesmo instante de suas prisões.
Dois processos foram abertos: um dirigido pelo rei contra os presos e o outro conduzido pelo papa Clemente V contra a Ordem. O papa era francês, morava em Avignon e era aliado do rei. Torturas brutais e confissões arrancadas pela Inquisição viraram peças difamatórias escandalosas. O sigilo da Ordem foi usado contra ela e as etapas dos rituais de iniciação foram convertidas em monstruosidades. Os santos guerreiros foram acusados de cuspir na cruz, adorar o diabo, cultuar Maomé, manter práticas homossexuais e queimar crianças. Todos os seus bens foram confiscados. Esperava-se uma fortuna, mas, como pouco foi efetivamente recolhido, criou-se a lenda de que tesouros teriam sido transferidos em segurança para outro país. Que país?...
Santuário de fugitivos
Para muitos, esse país teria sido Portugal. O rei D. Diniz (1261-1325) decidiu garantir a permanência da Ordem em terras portuguesas: sugeriu uma doação formal dos seus bens à Coroa, mas nomeou um administrador templário para cuidar deles. Nem o processo papal nem a execução do grão-mestre Jacques de Molay, em 1314, o intimidaram. Em 1317, reiterando que os templários não haviam cometido crime em Portugal, D. Diniz transferiu todo o patrimônio dos cruzados para uma nova organização recém-fundada: a Ordem de Cristo. Sempre o coitado do Cristo, lá nas alturas sendo usado como escudo.
Assim, Portugal virou refúgio para perseguidos em toda a Europa. De vários países chegavam fugitivos, carregando o que podiam.

O castelo de Tomar (A fundação do Castelo de Tomar deu-se no séc. XII e cuja obra tinha como finalidade ser sede da Ordem do Templo. Os dois grandes impulsionadores desta obra foram D. Afonso Henriques e D. Gualdim Pais, 2º Mestre da Ordem do Templo.

Na construção deste Castelo pode-se observar uma avançada arquitectura militar da época trazida por D. Gualdim Pais e outros Cavaleiros Templários da Terra Santa.

D. Afonso Henriques concedeu aos Templários a defesa das linhas que conduziam a Coimbra, na altura capital do reino durante o séc. XII. Ao tomarem posse destas linhas, a Ordem do Templo passou a ser detentora de um vasto território entre o rio Tejo e o rio Mondego, e tinham como objectivo controlar o acesso meridional a Coimbra e Tomar era precisamente o centro nevrálgico desta região.

O Castelo em Tomar começou a ser edificado no ano de 1160, mais precisamente um ano depois da carta régia de doação), virou a caixa-forte dos segredos que a Inquisição não conseguiu arrancar. Dois anos depois, em 1319, um novo papa, João XXII, reconheceu a Ordem de Cristo. Começava para os cavaleiros uma nova era, com uma nova missão.
De cavaleiros a funcionários do Estado
Nas primeiras décadas de existência da Ordem de Cristo, os ex-templários estabeleceram estaleiros em Lisboa, fizeram contratos de manutenção de navios e dedicaram-se à tecnologia náutica, aproveitando o conhecimento adquirido no transporte marítimo de peregrinos entre a Europa e o Oriente Médio durante as cruzadas, e secretamente davam suporte aos que se aventuravam a vir para o que se chamaria de novo continente, tinham conhecimento destas terras e da passagem dos chineses por elas, ao transportarem peregrinos para a Terra Santa. Ao mesmo tempo, preparavam planos para voltar à ação, contornando a África por mar e, aliando-se a cristãos orientais, expulsar os mouros do comércio de especiarias.
Em 1416, quando assumiu o cargo de grão-mestre, D. Henrique lançou-se à diplomacia. Passaram-se cem anos desde que os templários haviam sido condenados nos processos de Paris e o Vaticano estava preocupado com a pressão muçulmana sobre a Europa, que crescera muito no século XIV. Com isso, em 1418, o Infante consegue do papa um aval ao projeto expansionista. Daí em diante, cada avanço para o sul e para o oeste será seguido da negociação de novos direitos. Em um século, os papas emitiram onze bulas privilegiando a Ordem com monopólios da navegação na África, posse de terras, isenção de impostos eclesiásticos e autonomia para organizar a ação da Igreja nos locais descobertos.
Até a metade do século XV, os cavaleiros saíram na frente, sem esperar pelo Estado português. Uma vez iniciada a colonização, eventualmente doavam à família real o domínio material dos territórios, mantendo o controle espiritual. À corte, interessada em promover o desenvolvimento da produção de riquezas e do comércio, cabia então consolidar a posse do que havia sido descoberto.
Saqueando os Mouros
No Marrocos, os novos cruzados atacaram Tânger, em 1437, e Alcácer-Ceguer, em 1458. O ímpeto guerreiro preponderou sobre o mercantilismo real até 1461, quando o cavaleiro Pedro Sintra encontrou ouro na Guiné. Aí, a pressão comercial da monarquia começou a ficar maior. Mesmo assim, ainda houve expedições contra os mouros marroquinos em Asilah e Tânger, outra vez, em 1471. Mas à medida que foi sendo consolidado o comércio na rota das Índias, a partir da sua descoberta em 1498, a coroa foi absorvendo gradualmente os poderes da Ordem. Até que em 1550 o rei D. João III fez o papa Júlio III fundir as duas instituições. Com isso, o grão-mestre passa a ser sempre o rei de Portugal, e o seu filho tem o direito de sucedê-lo também no comando dos cruzados.
Outros parceiros entram no jogo
A Ordem de Cristo controlou o conhecimento das rotas e o acesso às tecnologias de navegação enquanto pôde. Mas com o ouro descoberto na Guiné, em 1461, o monopólio da pilotagem passa a ser cada vez mais desafiado. A partir de então, multiplicaram-se os contratos com comerciantes e as cessões de domínio ao rei para exploração das regiões descobertas. Aos poucos, a sabedoria secreta guardada em Tomar foi sendo passada para mercadores de Lisboa, Flandres e Espanha. Portugal naquela época fervilhava de espiões, especialmente espanhóis e italianos, que procuravam os preciosos mapas ocultados pelos cruzados.
Enquanto o tesouro de dados marítimos esteve sob a sua guarda, a estrutura secreta da Ordem garantiu a exclusividade para os portugueses. Em Tomar e em Lagos, os navegadores progrediam na hierarquia apenas depois que a sua lealdade era comprovada, se possível em batalha. Só então eles podiam ler os relatórios reservados de pilotos que já haviam percorrido regiões desconhecidas e ver preciosidades como as tábuas de declinação magnética, que permitiam calcular a diferença entre o pólo norte verdadeiro e o pólo norte magnético que aparecia nas bússolas. E, à medida que as conquistas avançavam no Atlântico, eram feitos novos mapas de navegação astronômica, que forneciam orientação pelas estrelas do Hemisfério Sul, a que também unicamente os iniciados tinham acesso.
Competição acirrada
Mas o sucesso atraía a competição. A Espanha, tradicional adversária, também fazia política no Vaticano para minar os monopólios da Ordem, em ação combinada com seu crescente poderio militar. Em 1480, depois de vencer Portugal numa guerra de dois anos na fronteira, os reis Fernando, de Leão, e Isabel, de Castela, começaram a se interessar pelas terras d'além- mar. Com a viagem vitoriosa de Colombo à América, em 1492, o papa Alexandre VI, um espanhol de Valencia, reconheceu em duas bulas, as Inter Caetera, o direito de posse dos espanhóis sobre o que o navegante genovês havia descoberto. E rejeitou as reclamações de D. João II de que as novas terras pertenceriam a Portugal. O rei não se conformou e ameaçou com outra guerra. A controvérsia induziu os dois países a negociarem, frente a frente, na Espanha, em 1494, um tratado para dividir o vasto novo mundo que todos pressentiam: o Tratado de Tordesilhas.
Vitória da experiência em Tordesilhas
Na volta da viagem à América, em 1493, Cristóvão Colombo fez uma escala em Lisboa para visitar o rei de Portugal, D. João II. Um gesto corajoso. O soberano estava dividido entre dois conselhos: prender o genovês ou reclamar do papa direitos sobre as terras descobertas.
Para sorte de Colombo, decidiu pela segunda alternativa. Como a reivindicação não foi atendida, acabou sendo obrigado a enviar os melhores cartógrafos e navegadores da Ordem de Cristo, liderados pelo experiente Duarte Pacheco Pereira, a Tordesilhas, na Espanha, para tentar um tratado definitivo, mediado pelo Vaticano, com os espanhóis. Apesar de toda a contestação a seus atos, a Santa Sé ainda era o único poder transnacional na Europa do século XV. Só ela podia mediar e legitimar negociações entre países.
O cronista espanhol das negociações, frei Bartolomeu de las Casas, invejou a competência da missão portuguesa. No livro História de las Indias, escreveu: "Ao que julguei, tinham os portugueses mais perícia e mais experiência daquelas artes, ao menos das coisas do mar, que as nossas gentes". Sem a menor dúvida. Era a vantagem dada pela estrutura secreta da Ordem.
Não deu outra. Portugal saiu-se bem no acordo. Pelas bulas Inter Caetera, os espanhóis tinham
direito às terras situadas mais de 100 léguas a oeste e sul da ilha dos Açores e Cabo Verde. Pelo acordo de Tordesilhas, a linha divisória imaginária, que ia do pólo norte ao pólo sul, foi esticada para 370 léguas, reservando tudo que estivesse a leste desse limite para os portugueses - o Brasil inclusive.
Trabalhando em silêncio
Como falamos acima, graças à Ordem e à sua política de sigilo, os portugueses sabiam da existência das terras na parte do globo onde hoje está o Brasil sete anos antes da viagem de Cabral. E, muito mais de trinta anos antes da viagem de Colombo, todos os mapas lusitanos mostravam ilhas com o nome de "Antílias", a oeste de Cabo Verde. O mais famoso cartógrafo italiano da época, Paolo Toscanelli, escreveu a um amigo português, em 1474, falando da "Ilha de Antília, que vós conheceis". Nesse ano, também houve notícia de que o navegador cruzado João Vaz da Corte Real explorou o Caribe e foi até a Terra Nova (o Canadá). Mas os documentos comprobatórios dessa viagem, como quase tudo da Ordem, nunca foram encontrados.
O mistério da origem do nome Brasil
Diz a tradição que o nome Brasil vem de pau-brasil, madeira cor-de-brasa. Mas a tradição é insuficiente quando se sabe que, desde 1339, o nome Brasil aparece em mapas. No século XIV, os planisférios dos cartógrafos Mediceu, Solleri, Pinelli e Branco mostravam uma Ilha Brasil, sempre a oeste dos Açores. O historiador brasileiro Sérgio Buarque de Holanda acreditava que a origem do nome é uma lenda céltica que fala de uma "terra de delícias", vista entre nuvens. O que não deixa de verdade...
A primeira carta geográfica onde aparecem referências seguras ao Brasil real é o mapa de Cantino. Nele se podem ver papagaios, florestas e o contorno do litoral desde o norte até o sudeste. O trabalho foi encomendado pelo espião italiano Alberto Cantino, em 1502, a um cartógrafo de Lisboa e enviado ao seu senhor, o Duque de Ferrara. É um mistério como ele foi feito. Afinal, as únicas viagens oficiais de espanhóis e portugueses ao Brasil até 1502 foram as de Vicente Pinzón, ao estuário do Amazonas, e Pedro Álvares Cabral, até onde hoje é a Bahia. Como explicar, então, a presença, na carta, do desenho do litoral desde Cabo Frio até o Amazonas?
Quem andou por lá?
Fruto provável do suborno do cartógrafo, a se julgar pela conta salgada apresentada por Cantino ao duque, o mapa deixa claro que já havia conhecimento profundo das terras a oeste do Atlântico. Além de 4000 quilômetros de litoral brasileiro aparecem no mapa a Flórida, a Terra Nova (hoje Canadá) e a Groenlândia. Historiadores portugueses modernos, como Jorge Couto e Luciano Pereira da Silva, acham que Duarte Pacheco Pereira, o navegador que negociou Tordesilhas e autor do importante livro Esmeraldo de Situ Orbius, sobre as navegações portuguesas, escrito em 1505, deixou indicações de que esteve no Brasil. Teria visitado a costa do Maranhão e a foz do Amazonas, em 1498, quatro anos depois de Tordesilhas. Mesmo assim há questões do mapa de Cantino não-respondidas. A única certeza é que entre a versão e o fato agiam em sigilo os cavaleiros da Ordem de Cristo - cuja documentação jamais foi encontrada. Sabe-se que estão guardadas a sete chaves com alguém muito influente na Europa.
Do outro lado do Mar Tenebroso
Águas fervilhantes!!, ares envenenados!!, animais fantásticos e canibais monstruosos!!! espreitavam a imaginação dos que desciam o Atlântico em direção ao sul.
Quando o navegador da Ordem de Cristo, Gil Eanes, passou o Cabo Bojador, um pouco ao sul das Ilhas Canárias, em 1434, mais do que realizar um avanço náutico, estava desmontando uma mitologia milenar. Acreditava-se que depois do cabo, localizado no que é hoje o Saara Ocidental, começava o Mar Tenebroso, onde a água fumegaria sob o sol, imensas serpentes comeriam os desgraçados que caíssem no oceano, o ar seria envenenado, os brancos virariam pretos, haveria cobras com rostos humanos, gigantes, dragões e canibais com a cabeça embutida no ventre. Era muito doido a imaginação da época, muito doido.
O estrondo das ondas nos penhascos do litoral, que podia ser ouvido a quilômetros de distância, as correntes fortíssimas e as névoas de areia reforçavam o pânico dos pilotos.

Quando finalmente reuniu coragem e viu que do outro lado não havia nada de especial, Eanes abriu o caminho para o sul. Ufa, até que em fim apareceu alguém de coragem...
A vanguarda do ideal cruzado
Dois cavaleiros em um só cavalo era o símbolo do voto de pobreza dos templários. As regras da Ordem obrigavam-os a combater mesmo quando estivessem em minoria. Toda a sua carreira era um treinamento para lutar em condições desvantajosas.
Na Palestina, os padres-combatentes da Ordem dos Templários participaram de numerosas batalhas, como a de Daniete, em 1229, retratada na gravura de Gustave Doré. Na pintura medieval, Felipe IV, o Belo (1268-1314), rei da França, recebe leis enviadas pelo papa francês Clemente V. Os dois conspiraram juntos para extinguir os templários.
Em 18 de março de 1314, depois de torturas infames e confissões forjadas pela Inquisição, o grão-mestre Jacques de Molay e vários líderes templários foram queimados em praça pública em Paris.
Os dois cavaleiros em um só cavalo também apareciam no sinete da Ordem, usado para identificar as mensagens oficiais da organização. A maior parte dos documentos, no entanto, jamais foi encontrada.
Um símbolo milenar
Os cruzados tomaram como emblema uma das cruzes mais antigas da cristandade.
Cruz copta: No século II, uma dissidência cristã, chamada copta, adotou esta cruz.
Cruz templária: Em 1119, a Ordem dos Templários criou um distintivo derivado da cruz copta.
Em busca do reino perdido
Com a ideia de reconquistar Jerusalém, os portugueses passaram décadas procurando o lendário reino do Preste João, que seria um núcleo cristão remanescente em terras orientais. Por fim, em 1492, encontraram, na Etiópia, uma monarquia cristã.
O rei D. João II, que governou de 1481 a 1495, estimulou a atividade mercantil e a colonização dos territórios africanos, contendo o ímpeto guerreiro dos cruzados da Ordem de Cristo.
Em 1541, os cristãos etíopes pediram ajuda a Portugal contra os turcos. O rei português mandou uma expedição de 400 soldados, liderada por Cristóvão Gama. Gama morreu, mas os cristãos venceram. Os portugueses foram recompensados e muitos ficaram na Etiópia. Em 1544, o rei etíope, Galawdewos, escreveu a D. João III, agradecendo a ajuda.


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