Segundo análise parcial feita pelo BEA, aeronave demorou cerca de três minutos e meio para cair
27 de maio de 2011 | 8h 14
O relatório parcial sobre o acidente com o AF 447 foi divulgado na manhã desta sexta-feira, 27, e aponta que o avião demorou cerca de três minutos e meio para cair, em alta velocidade, no Oceano Atlântico. Conforme a análise parcial das caixas-pretas feito pelo Escritório de Investigação e Análise para a Aviação Civil (BEA), por cerca de um minuto, a aeronave apresentou duas velocidades aos pilotos que estavam na cabine.
Segundo o BEA, apesar de o comandante não estar na cabine - ele havia saído para descansar, deixando os dois copilotos no comando -, a composição da tripulação estava em conformidade com os procedimentos, incluindo os nove comissários de bordo. O capitão voltou para a cabine cerca de um minuto e meio depois de o piloto automático ser desligado e logo após a aeronave começar a cair.
O relatório aponta ainda que as turbinas estavam funcionando normalmente e que responderam a todos os comandos da tripulação. O piloto mais novo da tripulação estava no comando quando a aeronave começou a cair, e passou o comando ao segundo piloto um minuto antes de atingir o mar.
Como ocorreu. Conforme o relatório, à 1h59, o piloto passou o comando da cabine para os dois copilotos, quando foi informado "um pouco de turbulência que você acabou de ver (...) devemos encontrar outras mais à frente". Antes de sair, o piloto ainda afirma que "infelizmente não podemos subir muito mais agora porque a temperatura está diminuindo menos rapidamente do que o esperado". Ele sai da cabine.
Às 2h06, um dos copilotos avisam aos comissários de bordo que "em dois minutos devemos pegar uma área mais agitada (de turbulência) e devemos tomar cuidado". "Aviso quando sairmos de lá", finaliza. Dois minutos depois, o comandante sugere uma alteração de rota para a esquerda. Após movimentação de 12 graus na rota, a turbulência aumenta um pouco mais e a tripulação diminui a velocidade do avião.
O piloto automático da aeronave é desligado às 2h10, quando um dos copilotos avisa "Eu tenho os comandos". Em seguida o avião é puxado para a direita e o piloto faz tração para a esquerda e de elevação do nariz. O alarme de perda dispara duas vezes e duas velocidades passam a ser mostradas à tripulação da cabine - o da esquerda aponta queda brusca de altitude. "Perdemos as velocidades", alerta um dos pilotos.
Com a elevação do bico, a aeronave começa a subir e ganha altitude: chega a cerca de 11.500 metros. A velocidade na subida cai de 2.000 metros/minuto para 200 metros/minuto. A aeronave começa a chacoalhar de lado a lado. Os copilotos chamam o comandante e o alarme de queda volta a soar. A velocidade do painel esquerdo volta a subir, abruptamente, e os pilotos continuam com a aeronave com o bico levantado. As duas velocidades mostradas, então, voltam a ser as mesmas.
A aeronave continua a subir e chega a pouco mais de 11.500 metros. Às 2h11 o comandante volta à cabine e, em seguida, todas as velocidades se tornam inválidas e o alarme de perda para de soar, pois o valor chegou a um nível baixo o bastante para ser desconsiderado pelo sistema. O AF 447 perdeu, então, 900 metros de altitude e começa a cair a 3.000 metros por minuto, chacoalhando fortemente. Por mais 30 segundos, o copiloto pressiona o manche ao limite para o lado esquerdo e para cima.
Às 2h12, um copiloto reclama "Eu não tenho mais nenhuma indicação". O comandante responde: "Não temos nenhuma indicação que seja válida". Às 2h13 são registradas ações nos dois mini-manches e o copiloto passa o comando ao colega. "Vamos lá, você tem os comandos", avisa. Um minuto depois, as caixas-pretas param de registrar ações no interior do avião.
Nenhum comentário:
Postar um comentário