Caminhava pela beira de um rio uma formiguinha muito faceira, esbelta, morena, olhos escuros parecia cor de noite fechada, aquelas que lembra asfalto- de tão escura -, este de rua.
Sobrancelhas bem feita, vaidosa que só ela, não gostava de usar calças compridas.
- Coisa de homem. Dizia ela.
Mas, tinha nos vestidos uma paixão, vestia-se muito bem a danada da formiga, era um manequim de dar enveja. Gostava de fazer travesuras, não obedecia a sua mãe, que as vezes tinha que puxar as suas orelhas. Entretanto tinha um bom coração, mas ninguem sabia disto, as outras formiguinhas não gostavam dela, toda vez que ela se aproximava de um grupo de formiguinhas elas a espulsavam e brigavam dizendo coisa que a ofendia:
- Sai daqui sua malvada, sua esqueletica, - e por ai o palavriado contra ela. Triste, sem saber como mudar para poder agradar os outros, procurava se isolar pensando em tudo aquilo de ruim que as outras pessoas falavam para ela.
- Porque?…, pensava.
Eu não sou assim, gosto de todo mundo, queria ajudar e bricar com as outras formiguinhas, mais ninguém me quer dar atenção. Envolvida em seus pensamentos estava assim contemplando o rio que passava ligeiro cantando: gluupp, gluupp, chuaaaa!!…, ia embora…, para onde, ela nao sabia, tinha curiosidade em saber a onde terminava aquele rio. Um dia saberei. Falou. Era a epoca da piracema, quando os peixes sobem o rio para fazerem a desova nas cabeceiras dos rios,
Neste momento eles ficam indefesos, so pensam em subir logo a correnteza e chegar em seu destino para desovar e em breve ter seus milhares de filhinhos. E perigoso para eles, pois os predadores incluindo o bicho homem se aproveitam desta oportunidade para pegar os pobres peixinhos indefesos.
A forminhinha continuava em seus pensamentos e contemplava aquele espetaculo da natureza, o rio que descia rapido cantando, e os peixinhos que subiam o rio pulando fora da agua a todo momento contra a velos correntesa.
E muito bonito ver este espetaculo, a PIRACEMA. Nem todo mundo tem esta oportunidade. E uma pena.
De repente, a formiguinha toma um susto, quase e esmagada por enorme sapato de couro que caiu forte bem no seu nariz,deu um salto para traz e de costa ainda no chao foi levantando a vista e pode ver o resultado daquele susto, era um homem claro de roupas claras com grandes botas de borracha, trazia consigo um cesto para apanhar no ar os peixinhos.
Atônita, vendo que os peixinhos poderiam a qualquer momento ser apanhados, correu para tentar avisa-los, foi até a beira da água e qual não foi a sua surpresa, la estava um peixinho escondido que lhe pedia socorro. Pronto, estava ela em panico, como ajudar a tantos peixinhos, ela tão pequenina, contra aquele homem? Olhou para todos os lados e não encontrava uma solução, correu, subiu em uma arvore para ver o que poderia fazer lá do alto, outra surpresa e um panico maior tomou conta dela, não era só um homem, eram vários que estavam famintos para apanharem os peixinhos, ela desesperada sem saber o que fazer pois o tempo passava e o perigo aumentava.
Uma luz!... recorrer a fada formiga é o melhor, ela tinha todos poderes para ajudar os seus amiguinhos, pronto estava resolvido. Nem bem terminou de pensar lá estava na sua frente a fadinha formiga, ela rapidamente expos o problema e agradeceu toda a ajuda que a fada iria fazer, assim estava feito a sua parte, pensava ela, agora era só ficar vendo o resultado para aqueles malvados homens. A fadinha que tudo ouvia em silêncio analisando as palavras nervosas da formiguinha, assim falou: Minha filha, porque você corre das sua responsabilidades, no primeiro sinal de tempestade você já transfere o problema para os outros, quando deverias solucioná-lo?…. Você foi chamada ao socorro porque então não enfrentá-lo, quando é para conseguir as coisas para você mesmo, para as suas vaidades e luxos tens a solução, mas, quando é para você ajudar, buscas transferir o problema para outros, é muito fácil.
Se olhares ao teu redor encontraras a resposta e poderas salvar os teus companheiros. Quando queres te alimentar e guardar alimentos para os grandes invernos o que fazem voces? Pense e vá ao socorro dos seus amiguinhos, não queria uma solução para mostrar o quanto você e boa?... Este e o momento....
Não posso ajudar-te neste momento, tenho outras obrigações com a mãe natureza. Voce e quem vai resolver tudo, não perca tempo, vá logo….
A formiguinha de olhos aregalado não estava entendendo tudo aquilo, ela que sempre teve ajuda da sua fadinha!... agora ela estava recusando em ajudá-la. Aborrecida foi embora. Mas, como resolver sozinha aquele problema?...
Pensou…pensou…, uma luz!!...
Chamaria todos os animais da floresta para asustar o bicho homem.
- Levaria muito tempo. Disse o amigo grilo que tudo assistia de um galho de uma arvore.
- Grilo que posso eu fazer para ajudar os peixinhos? Perguntou ela.
– Se demorares muito eles vão virar caldo e fritadas nas mesas dos bichos homens, ha!!… harararara!!… harararara!!!… - Para com isso, grilo chato, tenha pena dos peixinhos, ajuda-me na solução.
– A solução está nas suas mãos, basta você olhar ao seu redor, posso apenas ajudar com meu cantar, é só o que sei fazer.
A formiguinha estava desesperada, os homens estavam prontos para investir sobre os peixinhos, todos estavam formando uma cerca humana, não iria escapar um so peixe.
Estavam formando uma cerca humana!!.., uma cerca humana…. Brilhou a solução.
- grilo! grilo! depressa canta o grito de alerta para as minhas companheiras, vamos atacar em conjunto por todos os lados estes homens. O grilo começou a cantar e avoar espalhando o grito de alerta de um lado e do outro do rio, Um batalhão enorme de formigas saiu de seus formigueiros prontas para o ataque, atacar o que, não sabiam ao certo, mais estavam a tendendo ao chamado geral.
A formiguinha subiu nas costas do grilo e saiu gritando para atacarem os homens que queriam pegar os peixinhos que estavam subindo o rio para ter os seus filhinhos. Sem saber de onde, os homens se viram sendo atacados por um batalhão de formigas fazendo com que eles não tivessem condições de pegar um só peixe, começaram a penetrar em suas roupas mordendo- os por todos lados. Para completar veio a ajuda das a belhas que ouvindo o grito de socorro abandonaram os seus trabalhos e foram em auxílio dos peixinhos também. Foi uma batalha demorada, por incrivel que pareça, não se perdeu-se uma so abelhas e formigas, e todos os peixinhos estavam salvos.
Ufa!!… A missão estava cumprida pensou ela. Apaz voltou ao rio, os homens estavam longe. Os peixinhos continuaram o seu caminho salvos e prontos para o periodo da desova na cabeceira do rio. Novamente estava só, iria descansar, tinha este direito. Logo um barulho partia de todos os lados, gritos e vivas chegaram aos seus ouvidos, não teve tempo de se levantar, um batalhão enorme de formigas caregaram-na e levaram-na para um centro de uma praça dentro de um grande formigueiro para ser homenageada pelo seu ato de bravura. Até seus amiguinhos estavam lá, gritando, bravo! bravo! bravo!
Assim somos nós, quantas vezes somos chamados ao auxilio, ao plantio e transferimos as nossas responsabilidades aos outros.
Analisemos esta história.
Sobek de Alcantara
Toronto, Ontario, Canada. 10/10/2000
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