10 coisas fascinantes que, provavelmente,
ninguém te contou sobre os samurais
TÓQUIO (IPC Digital) – Os samurais e o seu código de
lealdade sempre exerceram um fascínio muito grande, principalmente no mundo
ocidental. Porém, algumas peculiaridades históricas dessas figuras lendárias
ainda são desconhecidas e obscuras. Veja agora alguns fatos curiosos que
cercaram a vida e a rotina desses guerreiros japoneses tão famosos.
Nas
famílias de samurais, era tradição que as mulheres recebessem treinamento em
artes marciais e estratégias de guerra, para que pudessem defender suas
famílias quando o não estivesse presente. Conhecidas como onna-bugeishas, elas participavam de batalhas ao
lado dos homens e lutavam usando as naginatas (lanças com
uma lâmina curvada na ponta). O arco e flechas também era uma arma bastante
utilizadas pelas “mulheres-guerreiras”.
Apesar
das habilidades bélicas, elas se vestiam com quimonos luxuosos de seda fina e
estavam sempre maquiadas, com os cabelos impecáveis, demonstrando cuidado especial
na preservação de sua feminilidade.
Os
textos históricos contêm poucas referências à essas guerreiras, mas é possível
que elas tenham sido mais numerosas do que se imagina. Análises feitas no
local onde ocorreu a batalha de Senbon
Matsubaru, no ano de 1580, mostraram que dos 105 corpos
encontrados, 35 eram de mulheres.
Tomoe Gozen
foi uma das guerreiras mais famosas cuja história ficou registrada. Ela era
esposa de Minamoto Yoshinaka,
do clã Minamoto. Nascida em
1157 numa família samurai, ela foi treinada para manusear a naginata e proteger
a família. Lutou nas Guerras Genpei (1180 – 1185), uma disputa que durou 5
anos entre os clãs Taira e Minamoto pelo controle do Japão.
2.
As armaduras não limitavam os movimentos
As
armaduras dos samurais, cujo peso poderia variar de 5 a 40 kg, eram
confeccionadas com placas de couro, madeira ou metal e cobriam todo o corpo do
guerreiro. Elas sofreram mudanças de acordo com o período histórico, o clã
e a classe do samurai. Porém, ao contrário do que parece, elas eram pensadas
para também preservar a liberdade de
movimentos, tão essencial para as lutas e o manuseio das
armas.O capacete, chamado de Kabuto, era desenhado para proteger o pescoço das flechas e dos
ataques de espada, vindos de vários ângulos. Eles eram também um símbolo do
poder e do status do samurai.
Há quem defenda a tese de que o kabuto
dos samurais inspirou a máscara utilizada por Darth Vader em Star Wars.
Já
a aparência demoníaca das máscaras servia a um duplo propósito: proteger o
rosto do guerreiro e assustar os inimigos.
3. Existiu, pelo menos, um samurai negro…
No
final do século 16, Oda Nobunaga,
o mais poderoso senhor da guerra do Japão, tinha um escravo africano que não
era apenas uma curiosidade cultural, mas também seu guarda-costas e que alcançou
bastante prestígio entre os japoneses daquele tempo.
Ele
ficou conhecido como Yasuke, mas ninguém sabe ao certo seu nome verdadeiro. Consta
em um dos relatos que Yasuke teria
cerca de um 1.90 de altura e, se assim foi, a sua estatura teria sido muito
impressionante para os japoneses da época. Nobunaga não acreditou que a aquela pele negra fosse real e
suspeitava que os jesuítas, com os quais o africano chegou ao Japão, estivessem
tentando pregar-lhe uma peça.
Mandou
que seus vassalos lavassem Yasuke
e, só depois de ver que nada se alterava na pele do africano, Nobunaga se convenceu de que ali não
havia nenhuma enganação. Encantado com a descoberta, conseguiu dos jesuítas que
Yasuke se colocasse ao seu
serviço. Os rumores eram de que o escravo ia ser feito um Daimyo (senhor feudal
japonês).Concretamente, porém, os registros dos jesuítas revelam que Nobunaga deu a Yasuke uma casa e uma espada katana, arma que somente os samurais
manuseavam.Nobunagtambém lhe
atribuiu o distinção de carregar a sua lança pessoal e vestir uma armadura,
privilégio que era reservado apenas para os nascidos em famílias de
samurais.
4. …e alguns estrangeiros
Os
registros históricos indicam que, pelo menos, quatro ocidentais tiveram a honra
de se tornar samurais: o aventureiro inglês William Adams e seu
companheiro holandês Jan Joosten van Lodensteijn; o
oficial da marinha francesa Eugene Collache
e o comerciante de armas Edward Schenell, proveniente da
Prússia.
O
Filme O
Último Samurai, protagonizado por Tom Cruise em 2003, baseou-se
na história de dois homens que realmente existiram, mas que não chegaram a se
tornar samurais. Eles eram Frederick Townsend Ward e Jules
Brunet.
5. Eles eram muito numerosos
Nos
tempos de ouro dos samurais, eles chegaram a representar cerca de 10% da população do Japão. Em virtude
de serem tão numerosos, existe uma teoria de que cada cidadão japonês tenha,
pelo menos, um pouco de “sangue samurai”.
Esse
fato tornou-se um problema quando a classe dos samurais foi erradicada, por
volta de 1870. Sem emprego, alguns foram obrigados pela necessidade a se tornar
comerciantes, uma classe que sempre foi considerada inferior por eles mesmos.
6. As roupas eram elegantes, mas práticas
As
roupas dos samurais deveriam refletir o respeito que lhes era devido pelas
outras classes sociais. Porém, aliado a isso, elas deveriam também facilitar
combates repentinos. As calças, chamadas de hakamas, eram largas e permitiam uma mobilidade
ilimitada. O cumprimento impedia que o
inimigo pudesse ver a posição das pernas do guerreiro, o que
garantia o “elemento surpresa” nas lutas.
Há
dois tipos de hakama: o umanori e
o andon.
O umanori, feito para ser
usado ao cavalgar, parece uma calça comum, mas com as pernas bem separadas. O andon não tem as pernas separadas e era
usado durante os tempos de paz.
Uma
outra curiosidade sobre o hakama é
que ele apresenta sete dobras:
cinco na frente e duas atrás. As dobras representam as sete virtudes do Bushido (bushi=guerreiro e do=caminho): Retidão (gi), coragem (yu), benevolência (jin),
respeito (rei), honestidade (shin), honra (meiyo) e lealdade (chugi).
O kimono, normalmente usado por baixo da hakama, era feito de seda, tecido
nobre, leve e maleável. Nos pés, eles usavam as sandálias waraji, que eram feitas de palhas de arroz
trançadas. Também usavam as tabi que eram meias com separação nos
dedos, para facilitar o uso das waraji.
As
meias de dedos separados são amplamente
usadas no Japão dos dias atuais. As hakama também são utilizadas com frequência nas
apresentações de artes marciais modernas.
7. Não carregavam só a espada, mas diversos tipos de armas
Os
samurais não usavam apenas a katana, espada tradicional e mais
comumente associada à imagem do guerreiro. A gama de armas que eles carregavam
variava de punhais a lanças e as mais conhecidas são:
Waikisashi, uma espada curta que variava de 30
a 60 cm de lâmina que, quando usada em conjunto com a katana chamava-se Daisho e identificava
que seu portador era um samurai; Tanto era um punhal que
completava o conjunto de armas utilizadas pelo samurai. Era empregado em
tarefas mais simples ou para o ritual do sepakku (suicídio).
Uma
série de outras armas mais específicas e sofisticadas eram utilizadas pelos
guerreiros no seu dia-a-dia e nos campos de batalha. Para outras informações,
8. Eram muito cultos, estudavam diversas artes
O
código Bushido previa que os samurais deviam estudar
diversos assuntos que não tinham relação direta com as batalhas. Eles
precisavam estar preparados para qualquer eventualidade ou adversidade e o
conhecimento adquirido permitia que se destacassem na sociedade.
Eram
iniciados em artes como literatura, poesia, pintura , música, jardinagem e
arranjos florais. Além disso, tinham profundo conhecimento de matemática,
história e prática impecável da caligrafia.
9. Eram de baixa estatura
Segundo
os diversos registros históricos, os verdadeiros samurais que viveram no século
16 tinham, em média, entre 1,60m e
1,65m de altura. Em comparação com os cavaleiros europeus, que
tinham estatura média de 1,80m a 1,96m isso representava uma grande diferença,
mas garantia também muita agilidade nas lutas corporais.
Também
se acredita, baseado nos registros históricos, que muitos samurais descendiam
do grupo étnico ainu. Essa etnia tinha a característica de possuir mais pelos
no corpo e pele mais clara do que a maioria da população japonesa da época.
10. O sepukku, ritual de suicídio, podia ser bastante longo
Como
forma de recuperar a honra perdida, o samurai poderia praticar o sepukku ou, como é vulgarmente
conhecido no ocidente, harakiri. O ritual fazia parte de uma cerimônia
bastante elaborada e, normalmente, executada na frente de espectadores.
De
maneira mais informal, o guerreiro poderia cortar a própria barriga com sua espada e, em seguida, ser decapitado
por um companheiro ou amigo, para diminuir o sofrimento. Na
versão mais clássica, o guerreiro se vestia de branco, comia uma última
refeição especialmente preparada e escrevia
um poema antes de se matar.
O
seppuku era um processo
extremamente lento e doloroso de suicídio que servia para demonstrar a coragem,
o auto-controle e a forte determinação do samurai, que escolhia morrer de forma
gloriosa ao invés de cair nas mãos dos inimigos. Em razão disso, não era raro
que o ritual demorasse longas horas como prova dessa coragem.
Oficialmente,
a prática do sepukku foi
abolida em 1868.